Institucionalismo eclesiológico
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- 31 de out. de 2021
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No passar do tempo e da história da igreja, percebemos que ela sofreu diversas mudanças deste o final do primeiro século, após a morte do último apostolo vários homens de Deus colaboraram para que ela permanecesse firme e inabalável até os nossos dias.
Uma das grandes mudanças ocorreram em 313, onde o imperador Constantino reconheceu oficialmente o cristianismo como religião do império através do edito de Milão, e ainda no mesmo ano, promulgou uma lei que protegia os sacerdotes cristãos contra as injurias dos hereges.
Neste momento a igreja que tinha apenas a faceta religiosa e espiritual, agora também se torna uma instituição que através dos tempos teve a necessidade de ser organizar para responder não apenas a Deus através do ensino das sagradas escrituras, mas também ao estado através das responsabilidades sociais, filantrópicas e outras.
Em nosso país as denominações são reconhecidas como instituições religiosas sendo assim um tipo de pessoa jurídica. Normalmente são entidades que arrecadam contribuições para a manutenção dos seus templos e para o exercício da caridade. Costumam ser associações sem fins lucrativos e possuem imunidade (ou isenção) fiscal.
Podemos dizer que somos uma comunidade que precisa desenvolver preocupação em duas dimensões.
1. DIMENSÃO ESPIRITUAL. Nesta dimensão focamos em cuidar das ovelhas do supremo pastor provendo a elas através da pregação do evangelho de Cristo uma exposição bíblica fiel aos princípios ensinados por Ele e pelos apóstolos, zelando da Sã doutrina.
2. DIMENSÃO INSTITUCIONAL. Como toda instituição humana temos responsabilidades junto ao governo do país e a sociedade onde estamos inseridos, para que possamos cumprir a missão a nos dada pelo nosso Senhor Jesus Cristo, se temos um estatuto, um CNPJ, conta bancária, registros de atas, então somos sim uma instituição e como tal porque não estruturarmos ela de uma maneira que possamos aproveitar tudo que isso pode proporcionar para melhorias no serviço ao reino de Deus. E é desta dimensão que trataremos neste texto.
Há um tempo atrás o foco de muitas das denominações era bem parecido com os mesmos dos grandes impérios antigos, isto é, estender sua fronteira através das conquistas dos países a sua volta, assim diversas congregações eram abertas nos mais diversos contextos possíveis e isso favoreceu e muito a expansão do evangelho e a pregação acerca de Cristo verdadeiramente “ganhou o mundo”.
Mas será que a mesma preocupação que se tinha em plantar um local de pregação também se tinha com a preparação do obreiro que iria dirigi-la? Ou será que também se se preocupavam de como este obreiro se encontrava enquanto estava na condução destas congregações, como por exemplo; sustento financeiro, mentoria, treinamentos, discipulado, acompanhamento familiar.
Quantas vezes quando os pastores presidentes chegavam na casa dos pastores das congregações e o assunto mais falado era sobre a nova congregação aberta, o número de membros batizados, as construções na sede ou nas congregações, ou até mesmo debates teológicos, enquanto aspectos pessoais eram mais esquecidos.
É importante salientar que sim, esses temas como estes precisavam continuar existindo, pois são relevantes a vida institucional e além de inspiradores, ajudam na promoção do crescimento da fé ante a desafios relacionados as instituições e também no próprio clima institucional.
Entretanto com o advento de uma classe pastoral mais aberta e necessitada de tocar sobre temas de cunho emocional, é indispensável a reformulação do diálogo e da assistência das instituições a estes.
Ainda sobre isso, compreender a necessidade de abrir novos lugares de culto, estender a evangelização, crescer numericamente como corpo eclesiológico, melhorar nosso ensino teológico é sim mais que relevante, mas também é necessário instrumentalizar nossas lideranças com diversos recursos necessários sendo estes não apenas os bíblicos, mas também ao que se refere a gestão administrativa da instituição, gestão das emoções e autoconhecimento para fortalecer a imunidade emocional e administrativa dos mesmos.
É importante para isso compreender que o ministério sempre existirá, mesmo que as denominações não existam. Quando compreendermos que o Senhor nos chamou para cumprirmos um serviço para Ele e que Ele nos capacita por intermédio do seu Santo Espírito para que cumpramos com esmero e dedicação, este líder pode cumprir esta missão estando ou não fazendo parte de uma instituição religiosa.
A comprovação clara dessa afirmação está no fato que ano após ano diversos pastores tem deixado suas denominações, muitas delas históricas ou que já são bastante consolidadas para fundarem a sua própria denominação, mudando de subordinados para líderes ou como muitos gostam de chamar “pastores presidentes”.
Isso seria rebeldia? Um levante?
Você já parou para pensar que homens como os reformadores Martinho Lutero e outros, romperam com a instituição igreja Católica para formarem suas comunidades conhecidas como protestantes e que também foram chamados de hereges e rebeldes?
Você já parou para pensar que nenhum destes homens queriam destruí ou até mesmo romper com essa instituição, mas somente alerta-la dos desvios que ela estava cometendo? Mas como não os ouviram, eles acabaram rompendo o relacionamento com ela.
Isso me levar a refletir na frase que ouvi em uma participação no Summet,
“Bons empregados não abandam suas empresas, mas abandonam maus líderes”
Não quero com isso dizer que sou a favor de rachas e divisões em intituições e denominações religiosas, mas é fato que aprendemos com as decisões dos reformadores é que se as grandes denominações através de seus líderes representantes não abandoarem o orgulho que muitas vezes o cercam não abrirem os os olhos para ver e os ouvidos para ouvirem aqueles que estão na base da pirâmide e reconhecer que estes conseguem enxergar fatos reais que os líderes superiores não conseguem seja de relevância teológica ou administrava, isso aliado a outras questões podem com certeza desencadear a falência em pouquíssimos anos o projeto que se construiu em muito tempo, basta ver as grandes denominações europeias e Estados unidenses.
As lideranças não enxergam não porque não querem ou não conseguem, mas porque o foco está direcionado para outros lugares, isso não significa que é ruim, porém compreender que administrar requer sapiência de olhar e projetar o futuro, mas também perceber as necessidades e as mudanças que estão acontecendo no tempo presente. Outro fato porque não conseguem enxergar circunstâncias chamadas as vezes de detalhes, mas que em muitos casos podem ser determinantes par sucesso ou insucesso em uma estratégia administrava, é que a estratégia só alcançará seu objetivo se o operacional for tão eficiente quanto o tático e o estratégico.
Nada adiantará uma denominação fazer um planejamento estratégico esplêndido se a compreensão deste não for absorvido pelo tático e o operacional.
Proponho a reflexão de dois pontos que podem ser de muita importância na solução dessas preposições apresentadas.
1.º Esteja atento aos jovens promissores
Exemplos podem ser citados como Paulo e Timóteo, Potifar e José, entendermos que Deus continua levantando Zafenate Penai dentre os escravos, existem muitos talentos que estão desconhecidos no campos, mas tem coração inflamado de amor por Deus e pela instituição e que não a abandonaram ainda devido a isso, e não porque não tiveram oportunidade ou de desejo de fazer em algum momento. Outros realmente estão porque ela serve de provisão para sua família como um “trabalho remunerado”, mas quando tiverem a primeira oportunidade abandonar o barco da instituição e não o de Cristo.
Existem comandantes na malhando trigo no lagar, bons legisladores pastoreando ovelhas, futuros profetas limpando incensários, grandes pregadores limpando peixes, todos esperando ser encontrados dentro das instituições.
Vejo que a instituição que permanecerá será aquela que possuem um corpo administrativo aprendeu que podemos continuar sendo pastores, ministros, continuar pregando o evangelho cristocentrico, sem propriamente está debaixo de um julgo institucional que mais tem contribuído para falta de rendimento ministerial do que para despertar de talentos em seus líderes e consecutivamente em seus membros.
Precisamos lembrar que Deus é quem chama e escolhe e fortalece, mas é a igreja que Ele chamou e escolheu que ganha, consolida, treina e envia. Esta igreja está dalém do institucionalismo. Cristo escolheu, consolidou, treinou e enviou os apóstolos, em Atos nove Cristo chama e consolida Paulo, no capitulo doze ele está o treinando e no treze o envia. E assim como Lutero Paulo foi perseguido e até excomungado pela instituição, mas em todo tempo não abandou a sua missão.
Assim como olheiros de futebol, Paulo foi achado por Cristo, e enviado por Ele, Paulo repete a mesma coisa com Timóteo.
Chegou a Derbe e depois a Listra, onde vivia um discípulo chamado Timóteo. Sua mãe era uma judia convertida e seu pai era grego. Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho dele. Paulo, querendo levá-lo na viagem, circuncidou-o por causa dos judeus que viviam naquela região, pois todos sabiam que seu pai era grego.
Atos 16:1-3
Que cada instituição desenvolva a habilidade de encontrar nas suas comunidades jovens continuadores de obra.
2º. Revise constantemente a estratégias e adapte-se as mudanças do processo sem perder o foco do propósito.
A segunda recomendação que tenho é a de revisar constantemente as estratégias adotadas pelas instituições, se perguntar como ela está sendo executada dentro daquilo que se esperava ou dentro do que se pretendia.
Se podemos afirmar sobre a indispensabilidade do cuidado pastoral que as instituições precisam ter, também de igual modo é indispensável hoje que ela lance mão de recursos tecnológicos existentes na administração e na gestão corporativa da instituição.
Assim as estratégias podem abranger várias áreas, na dimensão religiosa, quando na dimensão institucional. Nesta segundo alguns podem até se perguntar; “pastor a igreja se tornou uma empresa?” Eu responderia a igreja não, mas a instituição que a igreja usa como mecanismo para cumprir seu propósito e missão, essa sim precisa assumir responsabilidade estratégicas como se fosse uma empresa.
Para alguns essa afirmativa pode até soar como heresia, pois temos por hábito misturar os dois conceitos igreja e instituição, mas aqui trato não da igreja de Cristo, santa, imaculada, invisível espalhada por toda terra pregando a genuína palavra de Deus na qual o senhor já a escolheu deste os tempos eternos.
Mas falo das instituições religiosas que precisam trabalhar organizadamente para responder dentro dos limites cabíveis e bíblicos as leis governamentais, anseios e necessidades sociais, precisam ser organizados em seus relatórios financeiros, algumas emitem seus certificados de batismos, carteiras de membros, tem seus concílios formalizados em ata e assim sucessivamente.
A questão é que as lideranças institucionais por não compreenderem estas duas dimensões importantíssimas no processo eclesiológico não perceberam que no decorrer dos tempos muitas coisas que as instituições demonizavam tempos atrás e que hoje são aceitas pois perceberam que biblicamente não existia fundamento par tal demonização como por exemplo os uses e costumes e até mesmo fatores que hoje tem sido crucil em nosso contexto que é o cristão envolver-se mais de perto com política e até mesmo sendo um político.
Com isso não estou dizendo da abertura para o pecado que também se desenvolveu muito neste mesmo período, mas o fato é que nunca na história do Brasil por exemplo as instituições religiosas protestantes se envolveram tanto como agora no meio político e a tendência é que este aumento cresça nos próximos anos.
Ao pontuar o uso de recursos do Buzines nas instituições, não estou querendo pregar um secularização da igreja, mas sim instrumentalizar e equipar melhor as denominações para que possam ter a leitura certa dos processos que estão acontecendo internamente com seus líderes e membros e claro com a oração e discernimento espiritual possam tomar decisões mais assertivas no que se refere ao cuidado dos pastores e ovelhas que servem ao Senhor através desta instituição.
Como já dizia o sábio Salomão em seu livro;
Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão. (Provérbios 15:22).
Ante o que expus acima posso afirmar que a eficácia dos projetos passa pela sabatina dos conselhos e é sabendo disso que apresento alguns benefícios diretos as instituições que assim pensarem e agirem.
1. Aumento da satisfação da família pastoral em servi a Deus e a sua igreja na denominação em que ele faz parte.
2. Impacto positivo direto nas comunidades locais, pois uma família pastoral bem assistida, desenvolverá um trabalho mais feliz, produtivo.
3. Diminuição dos escândalos pastorais, pois dentro da mentorias e discipulado de pastores o ambiente de confiança pode se tronar um local de confessar tentações e ajuda mútua na vitória contra pecados ocultos.
4. Assistência família pastoral ajudará na diminuição do turnouver de pastores e até mesmo abandono do ministério devido frustrações, também evitará em muito a migração para outras denominações ou desenvolvimento ministérios particulares, diminuindo a aberturas denominações desestruturadas onde até o nome delas muitas vezes não tem uma referência bíblica, muito menos a conduta dos seus líderes que muitas vezes mais prejudica o testemunho cristão do que ajudam na evangelização.
5. Desenvolvimento de um perfil único dentro da denominação o alinhamento de objetivos e estratégias das igrejas e congregações como mecanismo de crescimento. Muitas denominações parecem uma colcha de retalhos com traços oriundo de diversas outras denominações, em cada comunidade local ela se parece com uma denominação diferente, parece-se com todas menos com ela mesmo.
6. Melhora a retenção de membros, retendo com estes talentos e futuros líderes e discípulos que fortalecem a liderança.
7. Melhora no clima institucional. Desenvolvimento de parcerias entre líderes e comunidades locais para ajuda mútua gerando assim maior unidade entre os líderes e também entre os liderados, membros das instituições, pois manter o bom clima entre pastores por mais que pareça contraditório dizer isso é um desafio constante em grandes instituições, pois a capacidade de estarem participando de tudo que acontece em suas igrejas locais e o simples fato de serem também líderes, tendem a olhar para um parceiro ministerial quando se destaca em algo muitas vezes com ciúmes e até mesmo com inveja, buscando motivos para criticar e não valorizando e honrando o momento, sabendo que o momento dele também chegará ou até mesmo já até passou e ele não percebeu, outro fator também é a concorrência por cargos eclesiásticos dentro das instituições que acabam em algum momento afetando o clima institucional, mas quando existe um trabalho da instituição na promoção e formação de um time pastores e líderes focado em fazer o nome de Cristo conhecido e não o deles, esses fatores facilmente são superados.
8. Aumento da capacidade técnica, espiritual e teológica dos obreiros das igrejas e congregações.
9. Organização das informações financeiras e de secretarias das igrejas e congregações filiadas a denominação com dados em tempo real, site e app.
É obvio que os benefícios não se limitam a esses, mas também a diversos outros que vão se desenvolvendo no decorrer da excursão do plano como veremos.
Concluo dizendo que em momento algum critico a existência das instituições e denominações religiosas, mas critico como elas em alguns casos elas tem desenvolvido o seu papel, pois a igreja de Cristo sabe que sofrimento e angustias são fatos que não teremos como fugir, até porque esse é o verdadeiro evangelho pregado por Cristo, o da cruz, o da renúncia, e quem deseja o episcopado precisa está ciente do custo que temos com o evangelho e que não podemos fugir disso.
Mas é importante salientar que nosso sofrimento precisa ser em pelo amor a Cristo e obediência ao seu evangelho e por viver para glória Dele e não um sofrimento cegado pelo institucionalismo, pois vejo este como uma ferramenta no serviço do reino e não como nossa causa maior de existência e como toda boa ferramenta tem como objetivo facilitar o trabalho, esta é minha oração, para que as instituições e denominações possam ser facilitadoras, agentes capacitadoras e encorajadoras do ministério e não o oposto.
Que o senhor nos ajude a compreender isso para sua Glória.


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