Frieza no matrimônio!
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- 27 de out. de 2020
- 9 min de leitura
Pr. Patrick D.V Ribeiro
Analista Comportamental,
pastor e Coach de relacionamentos

Para falar sobre isso é importante já destacar que só existe frieza em lugares onde não existe calor ou fogo. E o sentimento que representa muito bem essas duas palavras é a paixão.
A paixão é um fogo que arde no coração que desperta a devoção, a dedicação e até mesmo o negar de suas vontades em favor do outro e até mesmo negligenciar o risco e o medo.
Embora esse sentimento não seja algo que dure e tão confiável como o amor. Ele é extremamente necessário em um relacionamento. Sem paixão o relacionamento se torna morno ou até mesmo frio o que é extremamente prejudicial levando os casais viverem não como amantes, mas em muitos casos como irmãos, ou até mesmo em um relacionamento onde os cônjuges tratam como mãe e filho ou pai e filha e não como esposo e esposa.
E cientes desse fato podemos perguntar o que pode levar um relacionamento a esfriar-se?
I. Em primeiro lugar o tempo.
O tempo é um dos principais vilões da paixão, tirando o fogo do inferno, nenhum outro é eterno. Assim como a paixão, quanto maior for tempo juntos, mais desafiador será para o casal manter a paixão acessa em seus corações.
II. Outro fator é a frustração.
Durante meu treinamento de analista máster ouvi algo muito legal, o conceito de “Contrato Psicológico” este é o julgamento ou a interpretação que temos diante de uma proposta que recebemos. Por exemplo ao ser procurado por alguém para trabalhar em sua empresa recebo uma proposta de que nela eu terei oportunidade de crescimento, ou pelo menos ouço palavras que denotam que terei essa oportunidade.
Porém ao passar dos anos percebo que essas oportunidades não surgem, logo assim vem a frustração pois o contrato psicológicos que criei em mim foi quebrado, logo o desejo é a vontade de sair para algo melhor.
Da mesma forma são os contratos psicológicos que desenvolvemos durante o namoro e que são rompidos durante o casamento. Ao namorar imaginamos diversas coisas boas acerca do cônjuge que descobrimos no casamento que eram tudo ilusão de nossa fértil imaginação.
III. Sensação de desvalorização.
Tão ruim quanto às primeiras se sentir desvalorizado é extremamente doloroso. Pois é como se estivesse investido sua vida em vão, além da frustração se sentir desvalorizado é sentir-se um zero a esquerda, é sentir que nada do que fez teve sentido ou valor e a depender do perfil comportamental da pessoa isso pode levar a grande amargura e dor profunda na alma que para restaurar é muito difícil.
Alguns se sentem desvalorizado por não receber a atenção devida por quem investiu seu tempo e emoções, outros por não ter pessoas que contribua com ele em seu trabalho, outros por não ter recebido elogios e até mesmo atos de carinho e afeto.
Em resumo nos sentimos desvalorizados quando vemos que lutamos sozinhos, quando percebemos que o outro não se importa, quando o outro não investe.
IV.Quando não somos compreendidos.
É a incapacidade de entender profundamente algo ou alguém. Logo por definição um dos maiores inimigos da compreensão é o pré-julgamento. Quando o cônjuge antes de ouvir o outro já tem sua conclusão do fato. A falta da “escuta ativa”, o ouvir por excelência, ouvir o que o outro diz por detrás de suas palavras.
Porém é necessário saber que pra ser compreendido precisamos aprender a comunicar o que de fato queremos falar, ser realista, assertivo, desenvolver o uso inteligente das palavras e isso requer muita inteligência emocional para saber o que dizer, quando dizer e como dizer, para que assim possamos ser compreendidos. Em resumo para compreender bem use a escuta ativa, para ser compreendido bem inteligência comunicação assertiva e para isso é extremamente recomendável o desenvolvimento da inteligência emocional nos relacionamentos.
V. Propósitos divergentes.
A bíblia já nos adverte. Poderão andar dois juntos se não tiverem em comum acordo? Ao analisar o fim do casamento de Vasti e de Assuero podemos perceber que um dos principais problemas fora o fato dele está em um celebração e ela em outra e ela não se permitir deixar a sua celebração para ir onde seu esposo estava.
Não estou falando de carreiras profissionais, gostos, time de futebol ou até hoobis, mas sim de propósito. É desafiador ao extremo viver em um casamento onde os cônjuges seguem propósitos de vida opostos.
O propósito é o que dar sentido a nossa vida nessa terra. É ele que nos move, nos motiva, inspira e dar a energia necessária para ser quem somos e fazer o que fazemos.
Ainda que os cônjuges não saibam claramente os seu propósitos, é muito fácil perceber o que move cada um deles.
Alguns são movidos por relacionamentos externos, por servi outros, por ser ativos em contribuir e ajudar outras pessoas, projetos sociais, ambientais e religiosos. Ser uma pessoa ativa nesses movimentos é o que o motiva a viver e que alimenta seu ser.
Porém a cônjuges que pensam mais internamente, tem sua família como principal objeto de cuidado, são motivados quando vêem seus investimentos de tempo, das finanças, dos sentimentos revestido com uma proporção maior para dentro de sua casa e sua família.
Assim quando o propósito do casal são antagônicos isso pode gerar muita dor de cabeça.
Como resolver esse dilema?
Se seu relacionamento se encontra com uma ou umas das dificuldades acima e você leu o título deste tópico, talvez você possa ter ficado bastante animado pensando que estarei dando aqui uma receita pronta que ao realizá-la o temperamento de seu relacionamento do nível sub-zero a 1000º de uma hora pra outra. Sinto informar que errou, se pensa assim.
Pois na verdade o que tenho pra te dizer é que será mais difícil do que imagina, principalmente se seu relacionamento já ultrapassa o curso dos vários anos. Quanto mais tempos juntos, mais desafiadores será.
Mas isso não pode ser um fator de desânimo, mas sim consciência, pois sem ela os resultados serão mínimos ou até mesmo nenhum. Então qual a conscientização que devo ter ante a frieza em meu casamento, para que possa reacender o combustível da paixão?
Ø Tome consciência de que o tempo é morte, mas o cuidado revitaliza
Tudo que nasce morre e não é diferente com a paixão, na realidade a paixão é um dos sentimentos mais traiçoeiros que se tem. Pois aparece quando não queremos e vai embora quando mais precisamos, mas como eu já disse, ela é muito útil quando aparece na hora certa e se transforma no tempo certo.
A revitalização da paixão é quando através de um esforço intencional e constante buscamos alimentá-la dentro de nossos corações. Talvez não saibamos muito bem como ela surge, mas podemos muito bem direcioná-la para as coisas certas bem como para as erradas tudo isso através da sua nutrição.
Pois quanto mais eu alimento algo dentro de mim, mais poderoso ele fica.
Por isso se pergunte-se!
· O que realmente fez meu coração bater mais forte pelo meu cônjuge?
· O que despertou pela primeira vez a paixão por ela ou ele em meu coração?
· O que seria necessário fazer para continuar me apaixonando por ela (ele) todos os dias?
Ø Tome consciência de que frustração tem mais haver contigo mesmo do que com o outro.
Muito diferente do que imaginamos a frustração é algo que todo ser humano em algum momento da vida irá experimentar. Pois como seres humanos que somos temos a tendência de criar contratos mentais ou psicológicos em coisas que não existem ou que no mínimo não foram estabelecidas.
Quando você se percebe frustrando constantemente com seu cônjuge é necessário conscientizar-se de que algo que você está esperando dele (a) não está de acordo com o que ele (a) pode te entregar. Isto é você está esperando algo que no momento ele (a) não está em condições de te oferecer seja qual for o motivo.
Ante a isso temos duas opções.
Primeira. Expor pra o cônjuge sua frustração nessa área específica e dizer que isso é algo importante para você e que gostaria que ela (e) pudesse desenvolver isso pois te deixaria muito feliz.
Observação. O cônjuge pode relutar em querer adaptar-se a essa realidade por diversas questões inclusive devido sua composição comportamental onde no que dependendo do que for pode exigir muito dele (a) e assim trazer uma sobrecarga emocional do mesmo causando mais problemas do que soluções. Dado a essa circunstância teremos a segundo opção.
Segunda. Desenvolver o aprendizado na convivência com essa realidade, isto é eliminar a cobrança dentro dessa área, renunciando a si mesmo e respeitando os limites dos outros. É claro que isso não trará satisfação plena, mas trará entendimento e paz entre ambos.
Lembre-se um relacionamento é feito de abdicação de ambos os lados. Quando somente um sede o jugo fica desigual e insuportável com o tempo.
Ø Tome consciência de que não é só você que pode se sentir desvalorizado
Como falamos já sobre essa sensação de desvalorização em tópico anterior aqui vou me ater sobre as seguintes questões:
· Você sabe o que seu cônjuge gostaria que você fizesse para que ele se sentisse mais valorizado (a)?
· Você já disse para seu cônjuge de maneira bastante clara sobre o que ele (a) pode fazer para que se sinta mais valorizada (a)?
· O que nestes últimos meses você te visto em seu relacionamento que tem gerado desgastes entre vocês?
Caso você não conheça o que faze seu cônjuge se sentir valorizado recomendo fazer o seu diagnóstico linguagens de valorização em nosso instituto, pois com certeza te ajudará bastante.
Ø Conscientize de que compreender é se colocar no lugar do outro.
Talvez o lugar onde menos exercemos a misericórdia é dentro de casa. Pois em muitos casos temos grandes dificuldades de nos colocar no lugar do outro, e quanto mais o tempo passa mais difícil se torna, pois o acumulo de marcas oriundas de frustrações, ressentimentos, mágoas e diversos outros sentimentos negativos fazem com que tenhamos a falsa sensação de que o outro sempre está em dívida comigo, fazendo assim com ele (a) tenha a obrigação de ceder, de se humilhar e de querer recomeçar, principalmente depois de uma discussão.
Mas quando o sentimento de misericórdia é desenvolvido dentro de nós, ainda que isso nos machuque, intencionalmente assumimos a responsabilidade tomar a iniciativa sempre que preciso na reconciliação em prol de um bem maior.
Maior do que nos mesmo, maior do que nossa vontade, maior do que o meu orgulho.
Me colocando em relação ao outro da mesma forma que Cristo se colocou em relação a nós, se tornando pecador em nosso lugar, levando sobre si a nossa culpa. Tomando a iniciativa de reconciliar o homem a Deus, mesmo que isso custasse sua vida.
Entender que se o outro não consegue é porque ainda não evoluiu o bastante para isso e portanto é carente de nossa misericórdia, amor e ensino.
Ø Tome consciência de que podemos nascer com propósitos diferentes, mas a direção é a mesma.
Lidar com a realidade do propósito no casamento em alguns casos é um grande paradoxo. Pois uns pensam para fora do relacionamento, outros pensam para dentro dele, o que acaba desenvolvendo a dúvida de qual a direção olhar. Se é para dentro ou para fora?
Com a disposição natural de nosso coração em sempre quer está certo naturalmente falaremos que precisamos olhar para a direção que pra mim é mais confortável. Porém eu com toda humildade lhes digo que ambas estão incongruentes e que nenhuma dela ajudará a vocês resolverem a questão do esfriamento dentro de seu matrimônio, creio que quando realmente queremos encontrar uma direção a seguir dentro do casamento o certo é olhar pra cima.
A direção mais assertiva a se olha dentro desse paradoxo é para cima. Isso mesmo para Cristo, embora que com todos os esforços que possamos ter não conseguiremos segui-la com clareza, mas precisamos investir tudo que temos para alinhar nossa visão, nosso propósito com a visão e propósito que Cristo nos chamou para ter.
Seja esposa ou esposo ambos podem conseguir manter um equilíbrio de propósito quando esses desenvolvem a visão das coisa celestiais. Vejamos alguns exemplos.
Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas. Pois vocês morreram, e agora a sua vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória.
Colossenses 3:1-4
O salmista já nos deu o seu exemplo sobre para onde olhar nos momentos de sufoco.
Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
Salmos 121:1,2
Quando falo de olhar para cima. É buscar a direção que Deus já deu para o relacionamento, parece até um discurso repetitivo, porém mesmo assim não aprendemos ainda os princípios básicos de Cristo que precisamos praticar o com outro. Como por exemplo, renúncia, perdão, misericórdia, benevolência, amor e propósito.
Muitos ainda não aprimoraram esses comportamentos e carecem de graça, não apenas de Deus mas também a nossa. Talvez você e o seu cônjuge sejam um dos exemplos disso, então comecem hoje mesmo a exercitarem esse comportamento um com o outro e depois vejam o que o Senhor poderá reacender em vocês.
Que Ele os abençoe.
E lembrem-se. Façam de seus corações verdadeiros altares a Deus onde o fogo nunca venha apagar.
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