top of page

ENTRE FAÍSCAS E GRAÇA. Relacionamentos que forjam o caráter de Cristo em nós | MINISTRO: Pr. Patrick Ribeiro



SERMÃO CULTO DA FAMILIA | SANTA CEIA:

ENTRE FAÍSCAS E GRAÇA. Relacionamentos que forjam o caráter de Cristo em nós 

MINISTRO: Pr. Patrick Ribeiro

 

 

 

TEXTO BASE

Provérbios 27.17 — "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro."

Efésios 4.1-3 — "Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro do Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz."

 

INTRODUÇÃO:

Você já tentou afiar uma faca com outra? Ou já viu dois ferros em atrito produzindo faíscas? Assim também é a convivência entre irmãos na fé, entre familiares, companheiros de ministério, colegas de discipulado. Os conflitos não são apenas normais, eles são esperados. A pergunta é: como vamos reagir quando as faíscas surgirem?

Imagine uma família em casa se preparando para o culto. A criança derruba o suco, a mãe se irrita, o pai cobra ordem, e a discussão vira um pequeno incêndio. Não faltou espiritualidade ali. Faltou graça no meio das faíscas.

Hoje é culto de Santa Ceia. E o chamado é claro: antes de participarmos da mesa do Senhor, precisamos deixar que o Espírito Santo nos molde através da convivência com o outro.

Porque o que nos machuca também pode nos curar. O que nos fere pode nos forjar. 

E o relacionamento pode ser o cadinho onde Deus molda o caráter de Cristo em nós.


TRANSIÇÃO:

Nós vivemos em uma cultura altamente individualista, onde tudo gira em torno do "meu tempo", "minhas preferências", "meu jeito". Mas o Reino de Deus não funciona assim. Deus nos chama para viver em comunidade, para servir juntos e cumprir a missão como corpo.

Mas como cumprir a missão se não sabemos lidar com os atritos da convivência? Por isso hoje refletimos sobre 4 princípios que precisamos reconhecer para que transformemos FAISCAS em GRAÇA.


1.   RECONHEÇA QUE: OS RELACIONAMENTOS NOS CONFRONTAM COM NÓS MESMOS

 “Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.” 

Provérbios 27.17

Um dos maiores desafios da convivência cristã não é o outro. É o que o outro revela sobre mim. Conflitos, tensões e atritos não apenas testam a qualidade das nossas relações, mas expõem aquilo que está escondido em nosso interior — inseguranças, orgulho, medos e carências.

 

Exemplos práticos nos ajudam a entender melhor:

·         Quando você se irrita por não ser ouvido, talvez o que está gritando dentro de você seja uma carência de valorização.

·         Se evita o confronto, pode estar escondendo um medo profundo de ser rejeitado.

·         Quando tenta dominar as situações ou impor sua vontade, é possível que esteja reagindo com uma insegurança disfarçada de controle.

 

A grande pergunta não é “Por que o outro me trata assim?”, mas sim:

·         “O que esse conflito revelou sobre o meu ego?” 

·         “Tenho me permitido ser confrontado sem me justificar?”

 

O teólogo Dietrich Bonhoeffer nos ajuda a enxergar isso de maneira profunda ao afirmar:

“O próximo é o espelho onde Deus mostra nosso verdadeiro rosto.”

 

A análise comportamental também confirma essa verdade espiritual. Cada perfil reage de forma distinta à pressão: alguns com fuga, outros com agressividade, outros com silêncio. Mas a Palavra nos chama a todos a manifestar o mesmo fruto do Espírito, independentemente da personalidade: amor, paciência, benignidade, domínio próprio...

 

Ser forjado à imagem de Cristo começa ao permitir que o Espírito Santo use os relacionamentos — especialmente os difíceis — como ferramenta para afiar nosso caráter.

 

2. RECONHEÇA QUE: FAÍSCAS SÃO OPORTUNIDADES PARA GRAÇA

 “...suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” Efésios 4.1-3

 

O atrito é inevitável onde há convivência.

 

Mas a graça de Deus nos chama a transformar conflito em crescimento, em vez de ferida em afastamento.

O Espírito Santo opera em meio às faíscas — não para nos separar, mas para nos moldar. É justamente nesse contexto que a comunhão verdadeira se fortalece: quando escolhemos responder com graça onde poderíamos reagir com orgulho ou ira.

 

Exemplos práticos do dia a dia na igreja:

·         Uma mãe se sente criticada por não conseguir liderar a equipe infantil. O líder percebe, senta com ela, escuta com empatia, ora junto e redireciona com amor, reconhecendo seus limites sem expor sua fragilidade.

·         Dois amigos discutem sobre uma decisão no ministério. Em vez de alimentar a mágoa, um deles decide orar antes de conversar. Quando se encontram, o tom é de reconciliação, não de defesa. O vínculo é fortalecido.

·         Um jovem sente-se ignorado no grupo. Em vez de se afastar, ele decide servir ainda mais, orando por maturidade. O Espírito Santo transforma sua mágoa em motivação.

 

Podemos observar vários exemplos bíblicos que refletem essa graça em meio às tensões:

·         Paulo e Barnabé (Atos 15.36-41): Após um desacordo, cada um seguiu um caminho, mas a missão não parou. Mais tarde, Paulo menciona Marcos como útil ao ministério (2Tm 4.11), mostrando que houve reconciliação.

·         José e seus irmãos (Gênesis 50.20): O que começou como um grave conflito familiar foi redimido pela graça. José escolheu o perdão: “Vocês intentaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem.”

·         Pedro e Jesus (João 21): Após negar o Senhor, Pedro é restaurado com três perguntas de amor. A graça foi maior que a queda. Ele se torna um dos principais líderes da Igreja.

 

Pensem ai consigo mesmos por gentileza meus amados.

·         Tenho buscado restaurar pontes ou levantar muros?

·         Eu costumo reagir com dureza ou redirecionar com mansidão?

·         O que eu espero do outro é justo ou é uma projeção das minhas próprias frustrações?

 

Como escreveu um autor cristão: "Na cruz, Cristo nos deu graça antes de exigência. E nos convida a fazer o mesmo uns com os outros."

 

A nossa família renovada é chamada a ser um espaço de cura e transformação. Isso só será possível se dermos ao outro o que recebemos primeiro de Deus: graça sobre graça (João 1.16).

 

Que cada faísca seja, nas mãos do Espírito, uma forja de caráter, não uma explosão de divisão.


3. RECONHEÇA QUE: O ESPÍRITO NOS FORJA EM MEIO AO CONVÍVIO

“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio...”

Gálatas 5.22-23

Você não se tornará parecido com Cristo isolado em sua casa, mesmo que leia a Bíblia todos os dias. A vida cristã é relacional — porque o caráter de Cristo é forjado no atrito da convivência, nos processos comunitários, nas pequenas frustrações, longas conversas, pedidos de perdão, colaborações difíceis e abraços sinceros.

A transformação vem quando o Espírito Santo age em nós no meio do povo. A convivência é a fornalha onde Ele molda, limpa e refina.


Possíveis exemplos que podem ocorrer em nossa família espiritual

·         Durante uma reunião de ministério, você não concorda com a decisão tomada. Mas, em vez de gerar contenda, ora em silêncio, decide apoiar a liderança e segue com humildade, crendo que a unidade é mais importante que ter razão.

·         Alguém te confronta. Sua vontade é rebater na hora. Mas, em vez disso, você respira fundo e ora: “Espírito Santo, o que o Senhor quer que eu aprenda com isso?” O que poderia ser uma quebra, se torna um passo de crescimento.

·         Você se sente sobrecarregado por causa da equipe. Ao invés de reclamar, você chama os irmãos para uma conversa honesta, com humildade e mansidão, e percebe que a comunicação restaurou o ânimo de todos.

·         Um novo convertido chega com atitudes imaturas. Você sente vontade de julgar, mas lembra de como foi recebido. Então decide discipular com paciência.


Como sabemos, não somo os  únicos a ter que passar por sitações assim, a bíblia é cheia de exmplos.

·         Davi e Saul (1Sm 24): Davi teve a chance de ferir Saul, mas escolheu perdoar e confiar em Deus. O Espírito forjou o coração de um rei no meio da injustiça.

·         Moisés e o povo de Israel (Êx 32-34): Mesmo sendo traído pelo povo que liderava, Moisés intercede por eles. Deus molda seu coração como líder por meio da convivência difícil.

·         Jesus e Pedro (Lc 22.61 / Jo 21.15-19): Pedro o nega, mas Jesus o restaura com amor. E o Espírito transforma aquele discípulo impulsivo em um pastor de almas.

Meus queridos, pensem aí?

·         Tenho confiado mais na minha opinião ou na direção do Espírito?

·         Estou disposto a ser moldado pelas experiências do convívio ou fujo delas?

·         Tenho permitido que o Senhor me quebre e refaça?

·         Qual foi a última vez que pedi perdão a alguém da minha comunidade?


"O fogo do Espírito molda. Mas só molda quem está disposto a se submeter ao calor da convivência."
Pr. Patrick Ribeiro

A verdadeira maturidade cristã não se mede por quanto sabemos, mas por quanto amamos, perdoamos, servimos e cooperamos com o Corpo. A ceia que celebramos hoje nos lembra disso: Cristo se entregou por nós em comunidade. E agora nos chama a viver como Ele viveu — entre faíscas... e graça.


4. RECONHEÇA QUE: NOSSA FAMILIA RENOVADA É UM CAMPO DA MISSÃO, NÃO DO ORGULHO

“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.”João 20.21

“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.”Efésios 5.25b


A missão que Cristo confiou à Igreja é coletiva. Não é para solitários espirituais, nem para aqueles que só aplaudem de longe. É um chamado para a família de Deus viver e agir como corpo unido, com humildade, graça e serviço mútuo.

A família renovada não é palco de disputas ou vaidades, mas um campo onde cada um deve cultivar cooperação, reconciliação e encorajamento.

Quando nos deixamos conduzir pelo Espírito, entendemos que nosso lugar na missão é como cooperadores — não críticos; como lavradores — não juízes.


Vemos exemplos claros de modo de proceder nas sagradas escrituras.

·         Neemias (Ne 3): Reconstruiu os muros de Jerusalém com a ajuda de famílias inteiras — cada um com uma parte, ninguém fez tudo, mas juntos cumpriram o propósito.

·         Barnabé e Paulo (At 13.2-3): Foram enviados pela igreja em Antioquia, não por vontade própria. O envio e a missão nasceram da comunidade.

·         Igreja primitiva (At 2.42-47): Perseveravam juntos, partilhavam tudo, e o Senhor acrescentava os que iam sendo salvos — porque havia unidade.


E você, pense aí:

·         Tenho sido um cooperador ou um crítico da minha comunidade?

·         Estou disposto a assumir tarefas invisíveis pela causa do Evangelho?

·         O que posso fazer essa semana para fortalecer a unidade da nossas igreja?

·         Estou orando pelos meus líderes e irmãos, ou apenas observando suas falhas?

“Deus não busca perfeição na comunidade. Ele busca disponibilidade e corações ensináveis.”


Na Santa Ceia, celebramos o corpo partido de Cristo — não apenas para nossa salvação, mas para nos tornar parte de um corpo vivo, que serve e ama juntos. Não há lugar para orgulho à mesa. Só há lugar para quem reconhece:

“Senhor, envia-me. Usa-me. Ensina-me a cooperar com Teu povo.”

 

CONCLUSÃO:

Na Santa Ceia, lembramos o sacrifício que nos tornou um. Aqui não há superioridade, nem indiferença. Há graça.

"Examinai-vos a vós mesmos, e assim comam do pão e bebam do cálice" (1 Co 11.28)

Antes de comer, reconcilie. Antes de beber, perdoe. Antes de seguir, abrace. Porque na Ceia, o Corpo de Cristo nos convida a ser corpo de verdade.


AÇÃO DA SEMANA

1.   Reflita: com quem preciso restaurar um relacionamento?

2.   Ore e procure essa pessoa.

3.   Sirva em algum ministério com alguém diferente de você.

 

 
 
 

댓글


bottom of page