ENTRE FAÍSCAS E GRAÇA. Relacionamentos que forjam o caráter de Cristo em nós | MINISTRO: Pr. Patrick Ribeiro
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- 1 de jun.
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SERMÃO CULTO DA FAMILIA | SANTA CEIA:
ENTRE FAÍSCAS E GRAÇA. Relacionamentos que forjam o caráter de Cristo em nós
MINISTRO: Pr. Patrick Ribeiro
TEXTO BASE
Provérbios 27.17 — "Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro."
Efésios 4.1-3 — "Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro do Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados, com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz."
INTRODUÇÃO:
Você já tentou afiar uma faca com outra? Ou já viu dois ferros em atrito produzindo faíscas? Assim também é a convivência entre irmãos na fé, entre familiares, companheiros de ministério, colegas de discipulado. Os conflitos não são apenas normais, eles são esperados. A pergunta é: como vamos reagir quando as faíscas surgirem?
Imagine uma família em casa se preparando para o culto. A criança derruba o suco, a mãe se irrita, o pai cobra ordem, e a discussão vira um pequeno incêndio. Não faltou espiritualidade ali. Faltou graça no meio das faíscas.
Hoje é culto de Santa Ceia. E o chamado é claro: antes de participarmos da mesa do Senhor, precisamos deixar que o Espírito Santo nos molde através da convivência com o outro.
Porque o que nos machuca também pode nos curar. O que nos fere pode nos forjar.
E o relacionamento pode ser o cadinho onde Deus molda o caráter de Cristo em nós.
TRANSIÇÃO:
Nós vivemos em uma cultura altamente individualista, onde tudo gira em torno do "meu tempo", "minhas preferências", "meu jeito". Mas o Reino de Deus não funciona assim. Deus nos chama para viver em comunidade, para servir juntos e cumprir a missão como corpo.
Mas como cumprir a missão se não sabemos lidar com os atritos da convivência? Por isso hoje refletimos sobre 4 princípios que precisamos reconhecer para que transformemos FAISCAS em GRAÇA.
1. RECONHEÇA QUE: OS RELACIONAMENTOS NOS CONFRONTAM COM NÓS MESMOS
“Assim como o ferro afia o ferro, o homem afia o seu companheiro.”
Provérbios 27.17
Um dos maiores desafios da convivência cristã não é o outro. É o que o outro revela sobre mim. Conflitos, tensões e atritos não apenas testam a qualidade das nossas relações, mas expõem aquilo que está escondido em nosso interior — inseguranças, orgulho, medos e carências.
Exemplos práticos nos ajudam a entender melhor:
· Quando você se irrita por não ser ouvido, talvez o que está gritando dentro de você seja uma carência de valorização.
· Se evita o confronto, pode estar escondendo um medo profundo de ser rejeitado.
· Quando tenta dominar as situações ou impor sua vontade, é possível que esteja reagindo com uma insegurança disfarçada de controle.
A grande pergunta não é “Por que o outro me trata assim?”, mas sim:
· “O que esse conflito revelou sobre o meu ego?”
· “Tenho me permitido ser confrontado sem me justificar?”
O teólogo Dietrich Bonhoeffer nos ajuda a enxergar isso de maneira profunda ao afirmar:
“O próximo é o espelho onde Deus mostra nosso verdadeiro rosto.”
A análise comportamental também confirma essa verdade espiritual. Cada perfil reage de forma distinta à pressão: alguns com fuga, outros com agressividade, outros com silêncio. Mas a Palavra nos chama a todos a manifestar o mesmo fruto do Espírito, independentemente da personalidade: amor, paciência, benignidade, domínio próprio...
Ser forjado à imagem de Cristo começa ao permitir que o Espírito Santo use os relacionamentos — especialmente os difíceis — como ferramenta para afiar nosso caráter.
2. RECONHEÇA QUE: FAÍSCAS SÃO OPORTUNIDADES PARA GRAÇA
“...suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” Efésios 4.1-3
O atrito é inevitável onde há convivência.
Mas a graça de Deus nos chama a transformar conflito em crescimento, em vez de ferida em afastamento.
O Espírito Santo opera em meio às faíscas — não para nos separar, mas para nos moldar. É justamente nesse contexto que a comunhão verdadeira se fortalece: quando escolhemos responder com graça onde poderíamos reagir com orgulho ou ira.
Exemplos práticos do dia a dia na igreja:
· Uma mãe se sente criticada por não conseguir liderar a equipe infantil. O líder percebe, senta com ela, escuta com empatia, ora junto e redireciona com amor, reconhecendo seus limites sem expor sua fragilidade.
· Dois amigos discutem sobre uma decisão no ministério. Em vez de alimentar a mágoa, um deles decide orar antes de conversar. Quando se encontram, o tom é de reconciliação, não de defesa. O vínculo é fortalecido.
· Um jovem sente-se ignorado no grupo. Em vez de se afastar, ele decide servir ainda mais, orando por maturidade. O Espírito Santo transforma sua mágoa em motivação.
Podemos observar vários exemplos bíblicos que refletem essa graça em meio às tensões:
· Paulo e Barnabé (Atos 15.36-41): Após um desacordo, cada um seguiu um caminho, mas a missão não parou. Mais tarde, Paulo menciona Marcos como útil ao ministério (2Tm 4.11), mostrando que houve reconciliação.
· José e seus irmãos (Gênesis 50.20): O que começou como um grave conflito familiar foi redimido pela graça. José escolheu o perdão: “Vocês intentaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem.”
· Pedro e Jesus (João 21): Após negar o Senhor, Pedro é restaurado com três perguntas de amor. A graça foi maior que a queda. Ele se torna um dos principais líderes da Igreja.
Pensem ai consigo mesmos por gentileza meus amados.
· Tenho buscado restaurar pontes ou levantar muros?
· Eu costumo reagir com dureza ou redirecionar com mansidão?
· O que eu espero do outro é justo ou é uma projeção das minhas próprias frustrações?
Como escreveu um autor cristão: "Na cruz, Cristo nos deu graça antes de exigência. E nos convida a fazer o mesmo uns com os outros."
A nossa família renovada é chamada a ser um espaço de cura e transformação. Isso só será possível se dermos ao outro o que recebemos primeiro de Deus: graça sobre graça (João 1.16).
Que cada faísca seja, nas mãos do Espírito, uma forja de caráter, não uma explosão de divisão.
3. RECONHEÇA QUE: O ESPÍRITO NOS FORJA EM MEIO AO CONVÍVIO
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio...”
Gálatas 5.22-23
Você não se tornará parecido com Cristo isolado em sua casa, mesmo que leia a Bíblia todos os dias. A vida cristã é relacional — porque o caráter de Cristo é forjado no atrito da convivência, nos processos comunitários, nas pequenas frustrações, longas conversas, pedidos de perdão, colaborações difíceis e abraços sinceros.
A transformação vem quando o Espírito Santo age em nós no meio do povo. A convivência é a fornalha onde Ele molda, limpa e refina.
Possíveis exemplos que podem ocorrer em nossa família espiritual
· Durante uma reunião de ministério, você não concorda com a decisão tomada. Mas, em vez de gerar contenda, ora em silêncio, decide apoiar a liderança e segue com humildade, crendo que a unidade é mais importante que ter razão.
· Alguém te confronta. Sua vontade é rebater na hora. Mas, em vez disso, você respira fundo e ora: “Espírito Santo, o que o Senhor quer que eu aprenda com isso?” O que poderia ser uma quebra, se torna um passo de crescimento.
· Você se sente sobrecarregado por causa da equipe. Ao invés de reclamar, você chama os irmãos para uma conversa honesta, com humildade e mansidão, e percebe que a comunicação restaurou o ânimo de todos.
· Um novo convertido chega com atitudes imaturas. Você sente vontade de julgar, mas lembra de como foi recebido. Então decide discipular com paciência.
Como sabemos, não somo os únicos a ter que passar por sitações assim, a bíblia é cheia de exmplos.
· Davi e Saul (1Sm 24): Davi teve a chance de ferir Saul, mas escolheu perdoar e confiar em Deus. O Espírito forjou o coração de um rei no meio da injustiça.
· Moisés e o povo de Israel (Êx 32-34): Mesmo sendo traído pelo povo que liderava, Moisés intercede por eles. Deus molda seu coração como líder por meio da convivência difícil.
· Jesus e Pedro (Lc 22.61 / Jo 21.15-19): Pedro o nega, mas Jesus o restaura com amor. E o Espírito transforma aquele discípulo impulsivo em um pastor de almas.
Meus queridos, pensem aí?
· Tenho confiado mais na minha opinião ou na direção do Espírito?
· Estou disposto a ser moldado pelas experiências do convívio ou fujo delas?
· Tenho permitido que o Senhor me quebre e refaça?
· Qual foi a última vez que pedi perdão a alguém da minha comunidade?
"O fogo do Espírito molda. Mas só molda quem está disposto a se submeter ao calor da convivência."
Pr. Patrick Ribeiro
A verdadeira maturidade cristã não se mede por quanto sabemos, mas por quanto amamos, perdoamos, servimos e cooperamos com o Corpo. A ceia que celebramos hoje nos lembra disso: Cristo se entregou por nós em comunidade. E agora nos chama a viver como Ele viveu — entre faíscas... e graça.
4. RECONHEÇA QUE: NOSSA FAMILIA RENOVADA É UM CAMPO DA MISSÃO, NÃO DO ORGULHO
“Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.”João 20.21
“Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela.”Efésios 5.25b
A missão que Cristo confiou à Igreja é coletiva. Não é para solitários espirituais, nem para aqueles que só aplaudem de longe. É um chamado para a família de Deus viver e agir como corpo unido, com humildade, graça e serviço mútuo.
A família renovada não é palco de disputas ou vaidades, mas um campo onde cada um deve cultivar cooperação, reconciliação e encorajamento.
Quando nos deixamos conduzir pelo Espírito, entendemos que nosso lugar na missão é como cooperadores — não críticos; como lavradores — não juízes.
Vemos exemplos claros de modo de proceder nas sagradas escrituras.
· Neemias (Ne 3): Reconstruiu os muros de Jerusalém com a ajuda de famílias inteiras — cada um com uma parte, ninguém fez tudo, mas juntos cumpriram o propósito.
· Barnabé e Paulo (At 13.2-3): Foram enviados pela igreja em Antioquia, não por vontade própria. O envio e a missão nasceram da comunidade.
· Igreja primitiva (At 2.42-47): Perseveravam juntos, partilhavam tudo, e o Senhor acrescentava os que iam sendo salvos — porque havia unidade.
E você, pense aí:
· Tenho sido um cooperador ou um crítico da minha comunidade?
· Estou disposto a assumir tarefas invisíveis pela causa do Evangelho?
· O que posso fazer essa semana para fortalecer a unidade da nossas igreja?
· Estou orando pelos meus líderes e irmãos, ou apenas observando suas falhas?
“Deus não busca perfeição na comunidade. Ele busca disponibilidade e corações ensináveis.”
Na Santa Ceia, celebramos o corpo partido de Cristo — não apenas para nossa salvação, mas para nos tornar parte de um corpo vivo, que serve e ama juntos. Não há lugar para orgulho à mesa. Só há lugar para quem reconhece:
“Senhor, envia-me. Usa-me. Ensina-me a cooperar com Teu povo.”
CONCLUSÃO:
Na Santa Ceia, lembramos o sacrifício que nos tornou um. Aqui não há superioridade, nem indiferença. Há graça.
"Examinai-vos a vós mesmos, e assim comam do pão e bebam do cálice" (1 Co 11.28)
Antes de comer, reconcilie. Antes de beber, perdoe. Antes de seguir, abrace. Porque na Ceia, o Corpo de Cristo nos convida a ser corpo de verdade.
AÇÃO DA SEMANA
1. Reflita: com quem preciso restaurar um relacionamento?
2. Ore e procure essa pessoa.
3. Sirva em algum ministério com alguém diferente de você.
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