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Alinhando Fundamentos - Princípios Bíblicos do Matrimônio



INTRODUÇÃO

O matrimônio é uma instituição divina, criada por Deus no Éden, e que carrega em si fundamentos espirituais, emocionais e práticos essenciais para a construção de uma sociedade saudável. No relato bíblico de Gênesis 2:24, encontramos a essência dessa união: "Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne." Esse princípio reflete o compromisso e a unidade que devem nortear a vida conjugal.

Iniciamos nossa reflexão revisitando os fundamentos sobre o matrimônio com o objetivo de alinhar os princípios bíblicos que regem o casamento, mostrando como eles podem fortalecer os relacionamentos e proporcionar uma vida conjugal plena e abençoada. Mais do que um contrato social, o casamento é um pacto sagrado, uma aliança que exige dedicação, amor e respeito mútuos.

O pastor e escritor brasileiro Hernandes Dias Lopes afirma que "o casamento é um campo fértil para o florescimento do amor verdadeiro, da paciência e do perdão, que são virtudes essenciais para uma vida a dois harmoniosa e feliz". Essa visão destaca a importância de cultivar valores que transcendem o egoísmo e promovem a unidade, essencial para o sucesso no casamento.

Ao revisarmos esses princípios, buscamos não apenas fortalecer os laços conjugais, mas também inspirar os casais a viverem um relacionamento que reflita o amor e a fidelidade de Cristo pela Sua igreja, conforme descrito em Efésios 5:25.


O Propósito Divino do Casamento

"Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne" (Gn 2:24, NVI).

 

Companheirismo

O casamento foi criado para proporcionar ao homem e à mulher um relacionamento íntimo e profundo, que reflita a comunhão entre Cristo e a Igreja (Ef 5:25-33).

A ideia de "uma só carne" enfatiza a unidade e o compromisso mútuo entre os cônjuges. Nesse contexto, companheirismo vai além da convivência diária: é um apoio mútuo em todas as áreas da vida, emocional, espiritual e prática. 

Cristo demonstrou esse tipo de companheirismo ao dar Sua vida pela Igreja, e os cônjuges são chamados a fazer o mesmo, dedicando-se um ao outro com sacrifício e amor.

Multiplicação e Mordomia

Deus ordenou ao casal que "sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra!" (Gn 1:28, NVI). Esse mandamento destaca a responsabilidade do casal em gerar vida e administrar juntos os recursos que Deus confiou a eles.

A multiplicação não se limita à procriação, mas inclui também o impacto espiritual e social que o casal deve exercer, criando um ambiente onde os filhos possam crescer no temor do Senhor e influenciar positivamente a sociedade. Veremos mais sobre isso nos encontros 5 e 10.

  

Reflexo do Relacionamento com Deus

O casamento também é uma representação visível do relacionamento entre Deus e Seu povo.

Em diversas passagens bíblicas, como em Oséias e em Apocalipse, Deus usa a analogia do casamento para ilustrar Seu compromisso com o Seu povo.

Assim como Deus é fiel e amoroso, espera-se que os cônjuges reflitam essas características em seu relacionamento.

A aliança matrimonial é um lembrete contínuo da aliança de Deus conosco, fundamentada na graça, no amor e na fidelidade.

 

HORA DE REFLETIR

Anote ao lado.

1.  Em quais áreas do seu casamento você sente que o companheirismo pode ser mais intencional e profundo?

2.  Como você tem refletido a unidade e o compromisso mútuo que o conceito de "uma só carne" representa?

3.  De que maneira você e seu cônjuge têm administrado os recursos que Deus lhes confiou, tanto materiais quanto espirituais?

4.  Além da procriação, como vocês podem "multiplicar" o impacto do relacionamento de vocês para abençoar outras vidas e a sociedade?

5.  O relacionamento entre você e seu cônjuge reflete a fidelidade, o amor e a graça de Deus? 

6.  Como o seu casamento pode ser um testemunho visível do compromisso de Deus com o Seu povo?

 

HORA DE APLICAR!

 

1.  Reserve um tempo esta semana para conversar com seu cônjuge sobre os desafios e as alegrias do companheirismo.

 

2.  Identifiquem uma ação prática que podem implementar para fortalecer o apoio mútuo.

 

3.  Planejem juntos uma atividade ou ação que demonstre a boa administração dos recursos que Deus lhes confiou, como servir na igreja, ajudar uma família necessitada ou investir em um projeto missionário.

 

4.  Escolham um versículo bíblico que represente o propósito do casamento e orem juntos, pedindo a Deus que os ajude a refletir Seu amor e fidelidade em suas vidas e para aqueles ao redor.

 

 

2. Princípios Bíblicos para um Casamento Saudável

 

Amor Incondicional

"O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha" (1Co 13:4, NVI).

 

 O amor deve ser a base de todo relacionamento conjugal, manifestando-se em atitudes diárias de cuidado, respeito e generosidade.

O amor incondicional descrito em 1 Coríntios 13 reflete a essência do caráter de Deus e deve ser buscado ativamente pelos cônjuges.

Esse tipo de amor não depende de circunstâncias ou sentimentos momentâneos, mas é sustentado por um compromisso firme de agir em prol do bem-estar do outro, mesmo em situações desafiadoras.

 

O Amor que Edifica

O amor que edifica se manifesta por meio de palavras e ações que incentivam o crescimento mútuo. O casal deve cultivar uma comunicação que fortaleça a autoestima e promova a confiança, lembrando-se de que "a língua tem poder sobre a vida e sobre a morte" (Pv 18:21, NVI). Veremos mais sobre isso nos encontro 3 e 4.

 

 

 

Sacrifício no Amor

O amor incondicional também se expressa no sacrifício. Cristo demonstrou o amor perfeito ao entregar Sua vida pela Igreja, e os cônjuges são chamados a refletir essa atitude, colocando as necessidades do outro acima das próprias, quando necessário (Ef 5:25).

 

Submissão e Liderança

"Mulheres, sujeitem-se a seus maridos, como ao Senhor. Pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja" (Ef 5:22-23, NVI).

A submissão e a liderança, quando entendidas à luz das Escrituras, promovem um equilíbrio saudável no casamento. A submissão não é sinônimo de inferioridade, mas um ato de respeito e apoio à liderança do marido.

 Por outro lado, a liderança do marido deve ser exercida com amor e cuidado, refletindo a liderança servidora de Cristo.

 

Submissão Voluntária

A submissão bíblica é voluntária e baseada no amor. É uma escolha consciente de apoiar e honrar o cônjuge, reconhecendo seu papel dado por Deus na dinâmica conjugal.

Essa submissão não significa tolerar abusos, mas, sim, criar um ambiente de harmonia e cooperação.

 

 

  

 

Liderança com Serviço

A liderança no casamento exige do marido um compromisso com o bem-estar espiritual, emocional e físico de sua esposa.

Ele deve liderar com humildade e disposição para servir, seguindo o exemplo de Cristo, que lavou os pés de Seus discípulos (Jo 13:14-15).

 

Perdão e Reconciliação

"Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros. Perdoem como o Senhor lhes perdoou" (Cl 3:13, NVI).

O perdão é indispensável para restaurar relacionamentos quebrados e construir uma base sólida para o casamento.

 

A Natureza do Perdão

O perdão bíblico é um ato de obediência a Deus e uma escolha de liberar o outro de uma dívida emocional ou moral. Ele não nega a dor causada, mas reconhece que o amor é maior que as ofensas.

 

Caminhos para a Reconciliação

A reconciliação requer diálogo honesto, arrependimento genuíno e a disposição de ambos os cônjuges para reconstruir a confiança. "Confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados" (Tg 5:16, NVI).

 

  

 

3. O Papel do Marido e da Esposa

 

O Papel do Marido

 

Tanto o homem como a mulher receberam de Deus atribuições para a vida familiar – algumas iguais, algumas diferentes.

Por exemplo, ao criar a mulher para ser uma ajudadora do seu marido (Gn 2.18), o Pai Celeste definiu o papel do homem como cabeça (ou governo) do lar; e é justamente por este aspecto que queremos começar abordando os deveres do marido.

 

Também encontramos nas Escrituras ordens claras sobre a responsabilidade do marido de amar (honrar) sua esposa (Ef 5.25) e, o que separamos como um papel ainda distinto, ser amante (físico) de sua mulher (1 Co 7.3-5).

 

 Entendemos ainda que, quando criou o homem e o estabeleceu no Éden, o Senhor deu-lhe duas distintas funções: lavrar e guardar o jardim (Gn 2.15).

 

Logo, mesmo antes de criar a mulher e estabelecer a família (que já existiam em seu propósito eterno), o Criador definiu o papel do homem como provedor e protetor de sua futura família.

 

Portanto, os cinco principais deveres do marido  de procurar agradar e fazer feliz sua mulher, são:

1. Ser o cabeça do lar;

2. Amar sua esposa;

3. Ser amante (sexual) de sua esposa;

4. Ser provedor;

5. Ser protetor.

 

O marido deve ser o cabeça do lar

 

Alguns homens, erroneamente interpretam sua função de cabeça do lar como uma posição em que os outros (principalmente sua própria esposa) devem reconhecê-lo. Mas quando falamos dos deveres dos maridos, queremos enfatizar o papel que ele, o homem da casa, deve cumprir.

 

É lógico que parte dos deveres da esposa é reconhecer e submeter-se a esta posição do marido, mas há alguns homens que querem que outros reconheçam neles um encargo que eles mesmo nunca assumiram!

 

A negligência de muitos esposos “empurram” suas mulheres a assumirem deveres e funções que não pertencem a elas, e no fim muitos deles ainda reclamam de alguém ter “usurpado” sua posição!

 

 Portanto, repito, o propósito deste ensino é ajudar os maridos a entenderem o que eles precisam fazer quanto à responsabilidade de governo que lhes foi dada pelo Senhor.

 

“Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo”. (1 Coríntios 11.3)

 

A importância do assunto é destacada na expressão usada pelo apóstolo: “quero que saibais que”… Não podemos ignorar os princípios divinos para o funcionamento da família! E um deles é o homem como governo de seu lar:

 

“Porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo”. (Efésios 5.23)

 

É claro que assumir a função de cabeça do lar também exigirá que o marido venha a saber COMO fazer isto.

 

Falaremos sobre esta questão depois de definir qual é o nível de autoridade que o Senhor determinou que o homem exercesse em sua própria casa.

 

Qual é a autoridade do marido sobre a sua esposa?

 

Há uma verdade bíblica que tem sido pouco compreendida por muitos casais cristãos. Trata-se da questão da autoridade do homem sobre sua própria casa, começando pela relação marido e mulher (este é o primeiro nível vivido antes – e depois – da chegada dos filhos).

 

A Palavra de Deus nos mostra claramente que a mulher, enquanto na condição de filha, estava sob a autoridade de seu pai. Esta autoridade dava ao pai o direito de validar (ou não) o voto que sua filha fazia ao Senhor:

 

Leiam Números 30.1-5

 

Agora perceba, na continuação da instrução divina sobre a questão dos votos, no texto bíblico, que o homem, ao casar-se, assume diante de Deus exatamente a mesma autoridade que o pai tinha sobre sua filha quando esta ainda vivia, como solteira, em sua casa.

 

Ao casar-se, o marido passava então a ter a mesma autoridade de validar (ou não) os votos de sua esposa:

 

Leiam Números 30.6-15

 

Você já se perguntou porque que em nossa cultura, é o pai que entra com a noiva para entregá-la ao noivo?

 

 O casamento é o momento em que os filhos deixam pai e mãe para unirem-se através da aliança matrimonial e formarem sua própria família.

 

Por isso que no momento em que o pai está entregando sua filha ao noivo, a autoridade que o pai tinha sobre sua filha está sendo transferida ao marido.

 

 Estas verdades não precisam ser ensinadas somente aos maridos (e depois do casamento); deveríamos ensinar isto aos filhos desde a infância, preparando-os para o relacionamento mais importante que um dia virão a ter.

 

Quando as mulheres ouvem falar de submissão ao marido só depois de serem adultas, provavelmente vão reagir de forma contrária ao conceito que parece ser de domínio ou controle, quando na verdade retrata proteção.

 

Ter um pai que é seu protetor, provedor, líder e que não abusa da autoridade que tem é uma grande bênção! E desde sua infância ela está sendo preparada para que um dia esta autoridade (abençoadora e não-abusiva) do pai seja transferida ao seu marido na ocasião do casamento.

 

 

 

 

 

 

Autoridade x Autoritarismo

 

A Bíblia faz uma clara distinção entre a autoridade e o autoritarismo, que podemos definir como sendo o uso errado (ou abuso) da autoridade.

Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, autoritário é alguém “que se firma numa autoridade forte, ditatorial; dominador, impositivo”.

 

Assim como Deus é o cabeça de Cristo e Cristo o cabeça do homem (1 Co 11.3), com o exercício de uma autoridade abençoadora e não dominadora ou ditatorial, assim também deve ser o exercício da autoridade do marido no lar.

O Senhor Jesus ensinou-nos que os valores do Reino de Deus são diferentes dos valores deste sistema mundano e dos da nossa inclinação carnal.

 

Ele claramente advertiu-nos a não buscar dominar aos outros e nem tampouco usarmos de autoridade para sermos servidos; pelo contrário, Ele nos ensinou a exercer uma liderança servidora:

 

“Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Marcos 10.42-45)

 

Portanto, o principal papel do homem como cabeça do lar é servir sua mulher (e depois e também aos seus filhos).

 

Claro que isto envolve dar direção e tomar decisões, só não envolve abuso, tirania e falta de respeito. Quando Pedro escreveu aos presbíteros, que eram os líderes responsáveis pelo governo das igrejas locais (1 Tm 5.17), mostrou como deveriam exercer a autoridade que Deus lhes confiou:

 

“Nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho”. (1 Pedro 5.3)

 

Governar não é dominar, é conduzir por meio de respeito (não de mera imposição). Alguns maridos não entendem a posição dada por Deus à mulher de ajudadora (falaremos mais sobre isso adiante) e agem como se elas não devessem dar opinião alguma sobre nada.

 

A verdade é que o homem deve aprender a ouvir sua esposa e que, o próprio Deus, certa ocasião teve que orientar a Abraão, o pai da fé, a fazer isso:

 

“Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência”. (Gênesis 21.12)

 

Se ser o cabeça do lar envolvesse tomar decisões sozinho, sem consultar a esposa, Deus jamais teria trazido esta orientação! Falaremos mais sobre isto ao falar dos deveres das esposas, que envolve ser uma ajudadora.

 

 

O governo espiritual do lar

 

Ser o cabeça do lar envolve conduzir não apenas as questões naturais da vida familiar, mas também (e principalmente) o governo espiritual do lar. Ao falar sobre as qualificações necessárias para quem deseja o episcopado, o apóstolo Paulo fala sobre a importância de, antes de desejar governar a casa de Deus, governar bem a própria casa:

 

“E que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?”. (1 Timóteo 3.3,4)

 

Ao dar as mesmas orientações a Tito, o apóstolo deixa claro que os filhos não devem apenas ser bem educados por seus pais, mas devem ser crentes! Esta característica revela uma família que é governada espiritualmente:

 

“Por esta causa, te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi: alguém que seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha filhos crentes que não são acusados de dissolução, nem são insubordinados”. (Tito 1.5,6)

 

O chefe de família deve conduzir sua casa no temor do Senhor. Isto não é missão apenas de um candidato ao ministério, mas de todo cristão! Porque o ministro deve servir de exemplo, dele é requerido o modelo que os demais cristãos devem seguir (1 Tm 4.11).

 

O “espírito de Jezabel”

 

Há um espírito (espeirito aqui se refere a “atitude” ou “comportamento” – embora eu creia que há, de fato, um espírito maligno que instiga esta forma de agir) que tem trazido muita destruição nos matrimônios – e também nas igrejas – que quero chamar de “espírito de Jezabel”.

 

A razão de assim denominá-lo é porque vejo que, na carta à igreja de Tiatira, o próprio Senhor Jesus também o fez. Na carta à igreja de Pérgamo ele menciona o conselho de Balaão (Ap 2.14) e o quanto isto foi nocivo a Israel.

 

Ao referir-se a esta mulher como Jezabel, penso que Ele não falava de seu nome literal, mas de como a sua atitude reproduzia o comportamento de uma das mais abomináveis personagens na narrativa bíblica.

 

“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos”. (Apocalipse 2.20)

 

Jezabel, na Bíblia, é um “modelo” que não deve ser seguido – tanto na questão do governo do lar como na vida espiritual:

 

“Ninguém houve, pois, como Acabe, que se vendeu para fazer o que era mau perante o Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o instigava”. (1 Reis 21.25)

 

 

 

 

 

 

 

O rei Acabe, do ponto de vista espiritual, foi um dos piores reis que Israel teve. Mas ninguém conseguiu ser pior do que ele em algo: “se vender para fazer o que era mau perante o Senhor”.

 

Entendo, com esta expressão “se vender” que Acabe tinha valores que sabia que estava rompendo. Ele não estava apenas na ignorância e cegueira espiritual. Acabe se vendeu diante da pressão de Jezabel e de suas propostas. Ela, além de dominante, era manipuladora. Basta ver o ocorrido no assassinato de Nabote.

 

Leia  1Reis 21.4-7

 

Na verdade, há momentos em que Acabe parecia um menino mimado e Jezabel age como se fosse sua mãe.

 

A pergunta que ela faz “Governas tu agora no reino de Israel?” significa mais ou menos o seguinte: “quem é que manda aqui? Nabote ou você?”.

 

Mas a atitude dela de resolver a situação expressa a seguinte mensagem: “se você não é homem para resolver isto, deixa que eu faço isto por você”… 

 

Em 1 Reis 21.8-14 narra como Jezabel ordena que um falso testemunho seja levantado contra Nabote para que ele seja apedrejado e, depois de morto, sua vinha fosse confiscada.

 

Jezabel é o exemplo de uma mulher dominante, manipuladora e instigadora que controlou a vida de seu marido, levando-o para longe de Deus e de Sua Palavra.

 

 

 

 

Não se deixar manipular

 

Apesar de inicialmente falar de uma mulher específica, Jezabel, a abordagem bíblica sempre foi clara no sentido de que o homem tome cuidado e não se deixe manipular por mulher alguma.

 

A mulher não precisa gritar ou tentar convencer o homem a fazer algo à força. Não creio que Eva precisou de nada disto para convencer Adão a comer do fruto proibido.

 

As mulheres tem seu charme, suas habilidades de persuasão e influência e, várias vezes vemos exemplos disto na narrativa bíblica:

 

“Para que não faças aliança com os moradores da terra; não suceda que, em se prostituindo eles com os deuses e lhes sacrificando, alguém te convide, e comas dos seus sacrifícios e tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com seus deuses, façam que também os teus filhos se prostituam com seus deuses”. (Êxodo 34.15,16)

 

O Senhor Deus trouxe estas advertências porque sabia muito bem que isto iria acontecer. Como ocorreu várias vezes na história de Israel; o exemplo clássico se deu sob o o que é chamado de “o conselho de Balaão” (Nm 31.16):

 

“Habitando Israel em Sitim, começou o povo a prostituir-se com as filhas dos moabitas. Estas convidaram o povo aos sacrifícios dos seus deuses; e o povo comeu e inclinou-se aos deuses delas”. (Números 25.1,2)

 

Podemos olhar para a vida de Sansão e perceber que, embora homem algum pudesse “dobrá-lo” à força, as mulheres faziam isto com uma simples frase de chantagem emocional: “Ah, você não me ama! Se me amasse não faria assim”… Veja o exemplo do ocorrido, primeiro com a mulher filistéia com a qual ele se casou e, depois, com Dalila veja Juízes 14.15-17 e Juízes 16.15-17.

 

A frase “se você me amasse não agiria assim” teve mais força sobre Sansão do que toda força física que o Senhor pudesse ter manifestado em sua vida.

 

O homem tem o dever primário de assumir o governo do lar sem se deixar ser manipulado. É lógico que, parte da função de ajudadora da mulher é auxiliar o marido a tomar decisões com bons conselhos. Mas toda tentativa de controle e manipulação deve ser firmemente resistida!

 

Perguntas de Reflexão:

1.   Como você entende o papel do marido como "cabeça do lar"? Ele deve ser reconhecido apenas em autoridade ou deve haver uma prática de liderança servidora, como Cristo exemplificou?

2.   Qual é a responsabilidade do marido para com sua esposa e filhos no contexto espiritual da casa? Como ele pode cumprir esse papel de liderança sem cair no autoritarismo?

3.   Como podemos ensinar às crianças, desde cedo, sobre a responsabilidade de um homem ser o líder espiritual e protetor de sua casa?

4.   Você já se sentiu sobrecarregado por uma situação em que as responsabilidades do marido foram negligenciadas e, como consequência, a esposa teve que assumir funções que não lhe pertenciam? Como isso impacta o relacionamento?

5.   Como a liderança servidora, como ensinada por Jesus, pode ser aplicada no cotidiano de um casamento?

6.   A Bíblia fala sobre a importância de não ser manipulado. Como isso se aplica no relacionamento conjugal, onde a comunicação e a cooperação devem ser equilibradas com respeito e autoridade?

7.   Em que situações o marido pode exercer sua autoridade de forma a respeitar e valorizar a opinião de sua esposa, como foi exemplificado com Abraão e Sara?

 

Frase para Citação:

"O principal papel do homem como cabeça do lar é servir sua mulher (e depois e também aos seus filhos). Governar não é dominar, é conduzir por meio de respeito."

Como Aplicar na Prática os Conceitos:

1.   Exercício de autoridade com respeito: O marido deve reconhecer sua posição de liderança no lar, mas sempre com a mente voltada para o serviço e o respeito mútuo. Ele pode tomar decisões, mas deve ouvir a esposa e buscar o consenso.

2.   Liderança espiritual: O marido pode assumir a responsabilidade espiritual do lar ao guiar sua família na oração, no estudo das Escrituras e em momentos devocionais, mantendo o foco em ser um modelo de fé e obediência a Deus.

3.   Educação dos filhos: Desde cedo, os filhos devem ser ensinados sobre a importância do papel do pai como líder espiritual, e a mulher como sua ajudadora, criando um ambiente saudável e equilibrado no lar.

4.   Combate ao autoritarismo: O marido deve ser vigilante contra qualquer forma de autoritarismo, evitando imposições e ouvindo a voz de sua esposa, especialmente em decisões que envolvem o bem-estar da família.

5.   Prevenção da manipulação: Tanto o marido quanto a esposa devem manter um relacionamento saudável, onde a influência não seja usada para manipulação. O marido deve resistir à tentação de ser manipulado por sua esposa e vice-versa, mantendo o respeito mútuo.

 

 

 

O homem deve amar a sua esposa

 

O primeiro conceito que quero abordar aqui é que amar é mais do que sentir algo. É decidir doar-se! Se o amor (em especial o conjugal) fosse algo meramente espontâneo como é o conceito de paixão que muitos possuem não haveria a necessidade de recebermos uma ordem divina acerca de amar a esposa.

 

 Se Deus ordenou (e então somos obrigados a obedecer) amar é porque podemos fazer isto por escolha, por decisão. Gosto de uma declaração de John Stott que exprime bem isto: “O amor cristão não é vítima de nossas emoções, mas servo de nossa vontade.”

 

 

Eis o mandamento divino:

“Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”. (Efésios 5.25)

 

Observe que o padrão estabelecido por Deus é de que o marido não apenas ame a sua esposa, mas faça isto dentro do mais alto padrão de entrega: “como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela”. Portanto, para entender como o homem deve amar a sua esposa, é necessário refletir sobre o modo como Cristo amou a Igreja.

 

Em primeiro lugar, e destacando a ideia de que o amor é mais do que um sentimento involuntário, é importante lembrar em que condição Jesus amou a Sua Igreja.

 

Nós não O amávamos; as Escrituras declaram que hoje “nós o amamos porque ele nos amou primeiro” (1 Jo 4.19).

 

 Nosso amor é uma retribuição ao amor d’Ele, e não o contrário. Na verdade, a Palavra de Deus ressalta que fomos amados por Ele quando ainda éramos seus inimigos (Rm 5.8-10)!

 

Portanto, o marido não deve apenas amar a sua esposa se ela estiver demonstrando grande afeto ou paixão por ele ou somente se ela estiver sendo uma “boa esposa”. Ele decide amar e a “conquista” com seu amor!

 

A Bíblia diz que a fé opera pelo amor (Gl 5.6). O amor nos faz enxergar o que a pessoa ainda não é – o que ela se tornará como fruto de todo investimento de amor feito.

 

 

 

Foi exatamente isto que Jesus fez por nós e este é o padrão que devemos repetir. Por conta deste inquestionável princípio bíblico, concordo com o que Charles Stanley disse:

 

“Quando um homem ama sua esposa corretamente ela se torna mais do que ele sonhou e muito além do que ele merece.”

 

Em segundo lugar, o texto bíblico diz que “Jesus “a si mesmo se entregou por ela”. O amor, portanto, é uma entrega sacrificial, uma doação de si mesmo!

 

Este é o conceito bíblico do amor. Jean Anouilh afirmou: “O amor é, acima de tudo, a doação de si mesmo”. Porém, as Sagradas Escrituras já ensinavam esta verdade muito tempo antes…

 

O bem de quem amamos deve ser promovido ainda que em detrimento de nós mesmos. Isto é amor sacrificial. É dar atenção mesmo quando cansado. É abrir mão de algo importante em favor do cônjuge. É agradar ao outro, não a si mesmo.

 

O conceito de alguns maridos é que amar a esposa é dar-lhe presentes. Os presentes podem expressar o amor e carinho, mas amar é muito mais do que isto! Creio que foi diante deste princípio que J. Blanchard declarou: “É mais fácil dar qualquer coisa que tenhamos do que dar-nos a nós mesmos.”

 

O amor também tem a ver com a atitude de respeitar, de tratar bem:

“Maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente”. (Colossenses 3.19 – TB)

 

 

 

Outra versão diz o seguinte: “Marido, ame a sua esposa e não seja grosseiro com ela” (Cl 3.19 – NTLH).

 

 O apóstolo Pedro ensinou sobre a atitude de consideração e honra que o marido deve ter para com a sua esposa:

 

“Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações”. (1 Pedro 3.7)

 

Não digo que você não vai errar em relação a isto em algum momento. Mas a questão é como lidamos com isto quando erramos. Precisamos nos arrepender diante de Deus quando não amamos a esposa assim como Cristo amou a Igreja. Também precisamos nos arrepender com nossas esposas reconhecendo que falhamos e pedindo perdão a elas. E então orarmos e nos policiarmos para não viver sempre tropeçando na mesma área, pois é preciso crescer e se deixar ser transformado pela ação do Espírito Santo.

 

Amar a esposa é importar-se com ela (e com o que é importante para ela). Elie Wiesel afirmou que “o oposto do amor não é o ódio, e sim a indiferença”.

 

 Fico abismado com a atitude de muitos maridos com quem já conversei e aconselhei; muitos deles acham que estão amando suas esposas pelo simples fato de não as odiarem ou não se incomodarem de viver junto com elas. É um absurdo, mas infelizmente é verdade!

 

Precisamos crescer nesta área. E meditar na definição bíblica do amor que devemos manifestar uns pelos outros:

 

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Coríntios 13.4-7 – NVI)

 

Perguntas de reflexão:

1.   Como você tem demonstrado amor em seu casamento? O que você faz para sacrificar seus próprios desejos em favor do bem-estar da sua esposa?

2.   Você tem se empenhado em amar sua esposa de maneira incondicional, mesmo quando ela não está demonstrando afeto ou paixão? Como isso impacta a relação de vocês?

3.   O que significa para você "amar como Cristo amou a Igreja"? Quais atitudes você pode tomar para refletir esse amor sacrificial em sua vida cotidiana?

4.   Quando você comete um erro em seu relacionamento, como reage diante de sua esposa? O arrependimento e o pedido de perdão têm sido parte do seu comportamento no casamento?

5.   Como você pode demonstrar mais consideração e respeito pela sua esposa, levando em conta a ideia de que ela é "parte mais frágil" e merecedora de dignidade e honra?

 

Frase para citação:

"O amor cristão não é vítima de nossas emoções, mas servo de nossa vontade." - John Stott

 

Aplicação prática:

1.   Amar sacrificialmente: Assim como Cristo se entregou pela Igreja, o marido deve buscar o bem de sua esposa em todas as situações. Um marido pode praticar isso ao ouvir as preocupações de sua esposa, mesmo em um dia cansativo, ou ao abdicar de sua própria conveniência para garantir que ela se sinta amada e cuidada.

2.   Estabelecer um diálogo respeitoso: De acordo com Efésios 5.25, o marido deve amar sua esposa como Cristo amou a Igreja. Isso se reflete em agir com respeito e bondade. Na prática, isso pode ser aplicado ao evitar críticas ásperas, sendo mais cuidadoso com as palavras e, quando necessário, pedir perdão de forma sincera e aberta.

3.   Crescimento espiritual: Amar sacrificialmente envolve evolução contínua. Portanto, o marido deve meditar em passagens como 1 Coríntios 13.4-7 e trabalhar para cultivar paciência, bondade, e perseverança no relacionamento. Ao falhar, a prática de pedir perdão a Deus e à esposa será uma forma de crescimento espiritual que fortalecerá a união do casal.

 

 

 

O homem deve ser amante de sua esposa

 

Quero fazer uma distinção entre o dever do homem de amar sua mulher (o que envolve o carinho, apreço, dedicação, cuidado e valorização) e de ser amante de sua mulher (o que conota a expressão física do amor, da intimidade e vida sexual do casal). Aliás, o versículo bíblico que usamos como base deste ensino sobre os deveres tem uma aplicação dirigida à vida sexual do casal:

E sobre isso falaremos em nosso encontro 7.

 

Perguntas de reflexão:

1.   Você tem demonstrado sua afeição e intimidade física com sua esposa de forma que ela se sinta amada e valorizada?

2.   De que maneira você tem separado o carinho, a dedicação emocional e a intimidade física dentro do seu relacionamento? Ambos estão sendo priorizados?

3.   O que a Bíblia ensina sobre a importância de manter a vida sexual do casal saudável e dentro dos padrões que agradam a Deus? Como isso tem impactado seu casamento?

4.   Como você pode cultivar uma maior intimidade emocional e física com sua esposa, garantindo que ambos se sintam valorizados e amados?

5.   Como o amor e a dedicação física no casamento podem ser uma expressão de honra a Deus e à sua esposa?

Frase para citação:

"Amar sua esposa vai além do carinho e dedicação. Ser amante dela significa investir na relação física com a mesma entrega e cuidado, refletindo a união que Deus deseja para o casamento."

 

Aplicação prática:

1.   Investindo na intimidade emocional e física:

O homem deve buscar equilibrar o carinho e o cuidado com a esposa com a manutenção de uma vida sexual plena e gratificante para ambos. Um gesto prático seria reservar tempo para estar a sós com sua esposa, onde possam compartilhar momentos de afeto e intimidade sem pressões externas.

 

2.   Priorizar o prazer da esposa:

 No contexto da vida sexual do casal, o marido deve ser atento às necessidades de sua esposa, mostrando interesse e respeito por seus sentimentos e desejos. Isso não se limita a momentos específicos, mas deve ser parte de uma relação contínua e harmoniosa.

 

3.   Cuidar da relação com Deus:

Como o casamento é um reflexo do relacionamento com Deus, o marido deve buscar alinhar suas ações em todas as áreas do casamento, inclusive na vida sexual, com os princípios bíblicos. Isso inclui ser fiel e honesto, trabalhando em prol da união e do prazer mútuo no casamento.

 

O homem deve ser o provedor de sua esposa

 

Outro dever importante dos maridos está relacionado ao quesito provisão. O homem deve ser o provedor das necessidades da mulher (e de toda a sua casa):

 

“Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos membros do seu corpo”. (Efésios 5.28-30)

 

 

Ao falar de alimentar e cuidar da esposa, o apóstolo Paulo não está falando que o homem tenha que cozinhar ou dar a comida na boca de sua esposa. Fala do seu papel de trazer ao lar a provisão como uma expressão de seu cuidado por ela.

 

A mulher, quando ainda solteira, tinha na pessoa de seu pai, o provedor. No entanto, quando um casal contrai a aliança nupcial, estão (os dois) deixando pai e mãe para unir-se e tornarem-se uma só carne (Gn 2.24). Salvo raríssimas exceções, em situações realmente imprevistas e temporárias, nenhum casal deveria depender financeiramente dos pais.

 

É necessário que haja autonomia! O cordão umbilical deve ser cortado na questão material e financeira (além da questão do governo do lar). Portanto, mesmo antes de casar-se, o homem já deve ser responsável e ter condições de oferecer suprimento ao lar. Veja o que o livro dos conselhos da sabedoria – Provérbios – diz acerca disto (em duas diferentes versões):

 

“Cuida dos teus negócios lá fora, apronta a lavoura no campo e, depois, edifica a tua casa”. (Provérbios 24.27)

 

“Não construa a sua casa, nem forme o seu lar até que as suas plantações estejam prontas e você esteja certo de que pode ganhar a vida”. (Provérbios 24.27 – NTLH)

 

A omissão (deliberada) do cuidado natural de provisão para com a família é um pecado muito grave (Leia 1 Timóteo 5.8)

 

 

 

Quando Paulo fala de cuidado, o contexto é justamente o cuidado material. Qualquer pessoa tem obrigação de cuidado para com seus familiares, mas a posição do homem como provedor o coloca numa condição de maior responsabilidade.

 

Isto não quer dizer que ele tenha a obrigação de atender todos os caprichos da esposa ou dos filhos, nem que tenha que ser rico, mas suprir o essencial.

 

Há muitas situações em que a mulher também trabalha fora e coopera com a sustento. Não creio que isto seja errado desde que o cuidado e criação dos filhos não seja comprometido (o que, infelizmente, não tem acontecido com muitos casais que trabalham fora).

 

Também não vejo problema no fato da esposa, que também trabalha fora, ganhar mais que o marido pois, se por um lado ele tem a responsabilidade de suprir a casa, por outro lado nada o impede de ser ajudado.

 

Errado é trocar papéis – coisa que está acontecendo cada vez mais ultimamente – e o homem ficar em casa enquanto a mulher traz o sustento.

 

Embora eu acredite que se é correto a mulher ajudar o marido a trazer o sustento do lar, também é correto que o marido a ajude com os filhos e as tarefas da casa. Porém, um acordo de cooperação mútua não deve levar o casal a trocar suas responsabilidades e deveres.

 

Perguntas de reflexão:

1.   Você tem cumprido seu papel de provedor para sua esposa e sua casa de maneira responsável, cuidando das necessidades materiais do lar?

2.   Como você pode melhorar sua contribuição financeira para a sua casa, garantindo que as necessidades de sua esposa e família sejam atendidas de forma digna e justa?

3.   Em que medida você tem buscado equilíbrio entre suas responsabilidades financeiras e as necessidades emocionais, físicas e espirituais de sua esposa?

4.   O que a Bíblia nos ensina sobre a autonomia financeira do casal e como isso impacta o relacionamento e a construção de uma vida conjugal saudável?

5.   Como você pode garantir que, como provedor, esteja sendo um bom líder espiritual e emocional para sua esposa, equilibrando sua função de cuidador material com o apoio emocional e espiritual?

 

Frase para citação:

"O provedor da casa não é apenas aquele que sustenta materialmente, mas também aquele que cuida da harmonia e estabilidade do lar, garantindo que as necessidades físicas e espirituais sejam atendidas."

 

Aplicação prática:

1.   Preparação financeira antes do casamento:

O homem deve começar a desenvolver responsabilidade financeira e profissional antes do casamento, garantindo que tenha condições de sustentar a sua futura família. Isso envolve o planejamento financeiro e a capacitação para gerar renda suficiente para suprir as necessidades essenciais da casa.

 

2.   Equilíbrio no papel de provedor e parceiro:

O marido deve sempre garantir que está cuidando das necessidades materiais da família, mas sem negligenciar outras áreas do relacionamento, como apoio emocional e participação nas tarefas domésticas, especialmente quando a esposa também trabalha fora. Ambos devem compartilhar responsabilidades, respeitando suas funções dentro da estrutura do lar.

 

3.   Desenvolver uma visão de cuidado integral:

O provedor não deve ser visto apenas como aquele que traz dinheiro para casa, mas como um cuidador integral, que cuida do bem-estar de sua esposa e filhos em todos os aspectos. Isso inclui garantir que a esposa e os filhos tenham segurança, conforto, e também tempo de qualidade juntos, sem sobrecarregar a esposa com todas as responsabilidades do lar.

 

 

O homem deve ser o protetor de sua esposa

 

Mencionei antes que, quando Deus criou o homem e o estabeleceu no Éden, deu-lhe duas funções: lavrar e guardar o jardim.

 

“Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Édem para o lavrar e guardar.” (Gênesis 2.15)

 

Portanto, concluímos que, mesmo antes de criar a mulher e instituir a família, o Criador definiu o papel do homem como provedor do lar (quem lavra o jardim para dele extrair o sustento) e protetor de sua família (quem guarda de qualquer ameaça o jardim).

 

Agora vamos pensar em que tipo de proteção o Senhor tinha em mente quando deu esta ordem a Adão. Quem mais havia no jardim? Ninguém! Nem mesmo Eva ainda havia sido criada e o homem está literalmente sozinho no Éden.

É evidente, portanto, que Adão deveria proteger sua esposa do ataque maligno de Satanás (chamado pelas Escrituras de a “antiga serpente”  (Ap 12.9).

 

Quando se fala de proteção, muitos machões pensam só no aspecto físico desta responsabilidade e já se imaginam dando uma surra em quem “mexer” com sua mulher.

 

Mas o dever do marido de proteger sua esposa (e filhos) começa pela responsabilidade de exercer devidamente seu papel de governo espiritual e estender cobertura de oração pela sua casa.

 

 

Também envolve o papel de ensinar sua casa a andar na Palavra de Deus e, assim, protegê-los da influência do mundo e do pecado (Dt 6.7 e 1 Co 14.35).

 

Além da proteção espiritual, penso que o homem ainda deva proteger sua esposa no âmbito emocional, sem excluir a proteção física. Agrada-me a idéia de ser o guarda-costas de minha esposa e estar disposto até mesmo a “levar bala por ela”.

 

Se temos que amar a esposa como Cristo amou a Igreja (Ef 5.25), cuidar da esposa como Cristo cuida da Igreja (Ef 5.29), então a lógica me leva a concluir que não há como ignorar o fato de que, se Jesus protege a Sua Igreja (Mt 16.18), devemos proteger nossas esposas!

 

Perguntas de reflexão:

1.   Você tem exercido seu papel de protetor espiritual da sua esposa, orando por ela e garantindo que a sua família viva segundo os princípios da Palavra de Deus?

2.   De que maneira você pode proteger sua esposa emocionalmente, criando um ambiente de segurança e respeito, onde ela se sinta amada e valorizada?

3.   Como você tem agido para resguardar sua esposa de influências negativas e ataques espirituais que possam afetar o seu relacionamento com Deus e com a família?

4.   O que significa, para você, ser o protetor físico da sua esposa? Como você pode garantir sua segurança sem perder a sensibilidade às suas necessidades emocionais e espirituais?

5.   Como a compreensão do amor de Cristo pela Igreja pode influenciar sua atitude de proteção para com sua esposa?

Frase para citação:

"Ser protetor não significa apenas agir fisicamente, mas também espiritualmente, emocionalmente e com cuidado, guiando sua esposa e sua família para um ambiente seguro, fundamentado na Palavra de Deus."

Aplicação prática:

1.   Proteção espiritual diária: O marido deve ser intencional na oração pela esposa e pela família, garantindo que haja uma cobertura espiritual constante. Isso inclui momentos de oração conjunta, leitura da Bíblia em família e a prática de valores cristãos no dia a dia. O marido é o líder espiritual do lar e deve proteger sua família contra as influências do pecado e do mundo.

2.   Educação e liderança espiritual: Assim como Adão recebeu a responsabilidade de guardar o jardim, o marido deve ser diligente em educar sua esposa e filhos nos caminhos de Deus. Isso inclui ensinar as Escrituras, incentivar o crescimento espiritual e estar atento ao comportamento e atitudes que podem afastar sua família dos princípios de Deus.

3.   Proteção emocional e física: A proteção emocional envolve criar um ambiente seguro onde a esposa possa se expressar sem medo de julgamento ou rejeição. Isso inclui ser empático, ouvir com atenção, e sempre buscar ser o suporte emocional da esposa. No âmbito físico, o marido deve estar atento à segurança física de sua esposa, seja em situações cotidianas ou em momentos de risco.

4.   Proteção contra influências externas: O marido deve ser vigilante quanto às influências externas que possam prejudicar o relacionamento, como amizades, trabalho, ou outros fatores que possam afetar a vida espiritual e emocional da esposa. Ele deve agir com discernimento, guiando sua esposa para que ela esteja firme na fé.

 

 

 

O Papel da Esposa

 

As responsabilidades matrimoniais das mulheres incluem:

1. Ser ajudadora

2. Ser submissa

3. Ser administradora do lar

4. Ser amante

 

A esposa deve ser ajudadora de seu marido

 

Destacaremos, como primeiro dever da esposa, a responsabilidade de ser uma ajudadora de seu marido, uma vez que esta é a primeira menção que o próprio Criador faz acerca de seu papel no matrimônio:

 

 

 

 

“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2.18)

 

Isso não apenas reforça o fato de que a liderança do lar pertence ao homem na condição de cabeça, como também ressalta a importância da mulher no contexto matrimonial.

 

 Quando ensino (ou mesmo apenas comento) o fato do homem ser o cabeça do lar, lamentavelmente percebo que, aos olhos de alguns, tanto homens como mulheres, isso soa com um certo tom depreciativo, quase como se a mulher fosse uma mera espécie de “serviçal”.

 

 E o fato é que esta visão distorcida tem roubado não apenas aqueles que a possuem, como também ao seu próprio matrimônio! Creio que, ao definir a mulher como ajudadora, Deus não a estava rebaixando; pelo contrário, Ele estava justamente exaltando-a.

 

Gosto de pensar que a mulher ocupa a função de “vice-presidente” do lar. Ou ainda, usando a analogia de um avião, ela poderia ser qualificada como “co-piloto” e não apenas como uma “comissária de bordo” (também não estou desmerecendo esta função, só destacando a distinção hierárquica que encontramos entre estas duas funções).

 

Ao reconhecer que o homem precisava de uma ajudadora, Deus definiu não apenas a incapacidade do homem de fazer tudo sozinho como também revelou que não havia ninguém mais qualificada para exercer este papel de ajudadora do que a mulher.

 

 

Em outras palavras, Deus estava declarando que a mulher tem algo a oferecer para o andamento do lar que o homem não tem!

 

Estar sob um cabeça (uma autoridade) não desmerece ninguém! O marido tem como seu cabeça a Cristo e o próprio Cristo tem como cabeça a Deus Pai (1 Co 11.3) e, embora haja clara distinção na cadeia de comando e distribuição de tarefas entre a Trindade, nem Jesus e nem o Espírito Santo são apresentados como “menos-Deus” do que o Pai.

 

Pelo contrário, a Bíblia os apresenta como um só Deus (Ef 4.4), assim como também diz que o marido e sua esposa são um.

 

HORA DE REFLETIR

 

1.   Como você tem exercido seu papel de ajudadora de seu marido? Você tem contribuído ativamente para o sucesso e o bem-estar do lar?

 

2.   O que significa para você a expressão "ajudadora idônea"? Como você pode manifestar esse papel de forma eficaz no relacionamento conjugal?

 

3.   Em que áreas da vida conjugal você sente que pode ajudar mais o seu marido, oferecendo suporte e sabedoria?

 

4.   Você entende o papel de ser ajudadora como uma forma de parceria, onde ambos complementam-se mutuamente, ou há momentos em que você sente que sua contribuição é desvalorizada?

5.   Como a visão bíblica do casamento pode transformar a forma como você se relaciona com seu marido, especialmente no que diz respeito ao seu papel de apoiadora e parceira?

 

Frase para citação:

"A esposa não é subordinada, mas uma ajudadora idônea que complementa, apoia e fortalece o marido, sendo essencial para a harmonia e o sucesso do casamento."

 

Aplicação prática:

1.   Parceria e complementação:

A esposa deve entender que seu papel como ajudadora é essencial para o sucesso do casamento e para a boa condução da família. Ela não é subordinada ao marido, mas é uma parceira ativa que contribui para o bem-estar do lar com suas habilidades, sabedoria e coração voltado para Deus.

 

2.   Fortalecimento da comunicação:

Para ser uma ajudadora idônea, a esposa precisa manter uma comunicação aberta e honesta com o marido. Isso inclui ouvir, entender suas necessidades e compartilhar suas próprias ideias e preocupações. A comunicação mútua fortalece o casamento e ajuda na tomada de decisões conjuntas.

 

3.   Suporte emocional e espiritual:

A esposa deve estar atenta às necessidades emocionais do marido, oferecendo apoio nos momentos de desafios. Isso inclui oração conjunta, incentivo e a disposição de ser o suporte emocional nas lutas diárias. Como co-piloto da família, ela é fundamental para apoiar espiritualmente o marido em sua liderança e missão.

 

4.   Equilibrar responsabilidades:

 Embora o marido seja o cabeça do lar, a esposa não é meramente uma ajudante secundária. Ela tem um papel ativo e vital, e a harmonia no casamento se dá quando ambos reconhecem e respeitam suas responsabilidades. A esposa deve ser incentivada a usar suas habilidades e talentos para contribuir na gestão do lar, assim como na educação dos filhos e nas decisões financeiras.

 

5.   Desenvolvimento pessoal e conjunto:

A esposa deve continuar crescendo pessoalmente em sua fé, sabedoria e habilidades. Ao fazer isso, ela será uma ajuda eficaz para o marido. É importante que ela se dedique ao seu próprio bem-estar físico, emocional e espiritual, para que possa oferecer o melhor de si ao seu casamento e à sua família.

 

 

Ajudando na tomada de decisões

 

Embora muitos maridos de “cabeça-dura” não entendam isto, Deus criou a mulher para ajudá-lo em tudo, até no governo do lar – obviamente não usurpando sua autoridade, mas contribuindo com a sugestão de bons conselhos. Precisamos desenvolver no lar a visão de equipe.

 

Além da própria Trindade (modelo para nós nesta questão), vemos no Novo Testamento que as igrejas eram governadas pelos presbíteros (1 Tm 5.17) que compunham as equipes ministeriais; note o aspecto plural quando as Escrituras mencionam os presbíteros e você vai descobrir que ninguém estava no governo de uma igreja sozinho.

Os lugares onde isto parece ter acontecido sempre demonstravam ter distorções (3 Jo 9).

 

 

 

Contudo, vemos nos capítulos dois e três do livro de Apocalipse que, ao tratar com aquelas sete igrejas da Ásia, o Senhor Jesus se dirigia ao “anjo”, ao “mensageiro” da igreja. Este fato nos faz perceber que dentro de uma equipe ministerial há sempre o que chamamos de uma “voz maior”, alguém encarregado de uma responsabilidade maior (e que também será cobrado por Deus em um nível diferenciado).

 

Em nossas igrejas, denominamos esta pessoa como o ”pastor titular”. Ele não governa sozinho, porque sabe que isto é contrário à sabedoria divina (Pv 18.1) que nos ensina que a sábia direção está na multidão de conselheiros” (Pv 11.14).

 

Contudo, nenhum dos conselheiros podem usurpar sua autoridade e a responsabilidade de tomar a decisão correta será cobrada do líder, não de seus ajudadores.

 

Entendo que no casamento temos algo parecido. A visão bíblica do homem como cabeça do lar não é algo do tipo “o homem sabe tudo e a mulher fique de boca fechada”. Pelo contrário, a Palavra de Deus nos mostra claramente que o homem não está sempre certo, e precisa de conselhos (obviamente não de uma mulher que “tome as rédeas” do lar).

 

Se Nabal tivesse ouvido sua mulher Abigail, não teria experimentado o fim trágico que teve por ser tão cabeça-dura (1 Sm 25.37,38). Penso que esta é a razão pela qual temos tantos exemplos bíblicos neste sentido que nos foram registrados.

 

Veja a questão de Pilatos, por exemplo. Tirando o fato de que a farsa de seu julgamento nos proporcionou o sacrifício de Cristo (o que nenhum de nós jamais achará ruim), vemos como Deus foi justo com ele. Sua mulher mandou-lhe um recado importantíssimo na hora do julgamento:

 

“E, estando ele no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito”.  (Mateus 27.19)

 

Aquele governador romano estava para cometer o que, talvez, possa ser chamada de a maior injustiça não só da história dos tribunais de Roma, mas de toda a humanidade (e em todos os tempos) e, ainda assim, Deus procura usar a esposa deste homem para adverti-lo!

 

O fato dela dizer que sofreu nos sonhos, chamar Jesus Cristo de justo, pedir ao esposo que não se envolvesse, tudo me faz entender que ela recebeu uma advertência divina. Paulo diz aos coríntios que, se os poderosos deste mundo (o que é clara referência às autoridades judaicas e romanas) tivessem conhecido ao Senhor da Glória, jamais o teriam crucificado. Isso mostra que, mesmo a Escritura prevendo como estes homens errariam, não foi Deus quem os induziu a isto. Ao contrário, Ele até mesmo advertiu Pilatos quanto ao que ele estava por decidir. Mas o ponto principal que destacar neste ocorrido é o seguinte:

 

Se a mulher aconselhar e advertir seu esposo, quanto a uma decisão a ser tomada, ela está errando? Ela está desrespeitando sua autoridade?

 

 É claro que não! Se fosse errado Deus não teria falado com ela! E há outros exemplos na Palavra de Deus sobre a mulher participar (com sua opinião e conselho) da decisão a ser tomada pelo marido.

 

É o caso de Abraão e Sara, por exemplo. Na hora de tomar a decisão de mandar Agar e Ismael para longe de Isaque, o patriarca fica com o coração pesado e sua esposa o encoraja a tomar a decisão; então Deus fala com ele acerca do assunto:

 

“Disse, porém, Deus a Abraão: Não te pareça isso mal por causa do moço e por causa da tua serva; atende a Sara em tudo o que ela te disser; porque por Isaque será chamada a tua descendência”.  (Gênesis 21.12)

 

Ao dizer “atende a Sara em tudo o que ela te disser”, o Altíssimo, em outras palavras, estava dizendo a Abraão: “sua mulher está certa, está coberta de razão; e você deve ouvir seu sábio conselho”.

 

Se fosse inaceitável que a mulher ajudasse ao marido, com sábios conselhos, quanto a tomar a decisão correta em seu governo do lar, você acredita que o Criador da família falaria assim com Abraão?

 

Isso não significa que a esposa tenha sempre a razão, da mesma forma como o marido também não tem, pois nenhum ser humano, em sua limitação e falibilidade, tem esta capacidade!

 

 

 

O que estou dizendo é que há uma clara sinalização bíblica de que, no mínimo, a mulher possa opinar para ajudar seu marido nas escolhas. Falarei mais adiante acerca da importância do acordo entre o casal, mas aqui quero apenas destacar a participação da mulher como ajudante-conselheira do marido.

 

O papel de ajudadora da mulher é mais do que participar na distribuição de tarefas. Envolve também, além da função de conselheira, o aspecto de encorajadora. O marido não pode edificar seu lar sozinho, isso é algo muito claro na Palavra de Deus:

 

“A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com as próprias mãos, a derriba”.  (Provérbios 14.1)

 

Algo que a mulher, na condição de ajudadora, deve entender é que ela tem uma grande capacidade de edificar ou derrubar sua casa (não o prédio onde moram, mas o lar). Infelizmente, algumas esposas não tem sabedoria alguma – nem reconhecem que deveriam estar buscando por sabedoria através de conselhos de pessoas mais experientes (Tt 2.3-5) e mediante oração (Tg 1.5).

 

Muitos maridos não recebem nenhum encorajamento e motivação para nada na vida por parte de suas esposas; elas são, mulheres insensatas que estão, aos poucos, levando seu lar abaixo!

 

Por outro lado, a mulher sábia sempre ajudará na edificação do seu lar, fazendo jus ao célebre ditado: “por trás (eu prefiro a expressão ‘ao lado’) de um grande homem, sempre há uma grande mulher”.

 

O que me faz lembrar a declaração de Matthew Henry: “A mulher foi feita de uma costela tirada do lado de Adão; não de sua cabeça para governar sobre ele, nem de seu pé para ser pisada por ele; mas de seu lado, para ser igual a ele, debaixo de seu braço para ser protegida, e perto de seu coração para ser amada.”

 

 

A esposa deve ser submissa a seu marido

 

Um dos deveres claramente abordados na Palavra de Deus é o de que a esposa deve submeter-se ao seu marido. E isto envolve mais do que respeito, reflete o entendimento de governo do lar e da cadeia de comando estabelecida pelo Senhor:

 

“As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.” (Efésios 5.22-24)

 

A expressão “cabeça” aponta para a questão da liderança. E nós, que tememos a Deus e sabemos que devemos andar na Sua Palavra, não podemos nos amoldar aos valores mundanos de nossos dias de que não há distinção entre o homem e a mulher no casamento. Há uma forma correta de andar no Senhor:

 

“Esposas, sede submissas ao próprio marido, como convém no Senhor”. (Colossenses 3.18)

 

É lógico que, do ponto de vista do valor que cada um de nós tem aos olhos de Deus, não há distinção alguma entre homem e mulher (Gl 3.28).

 

Entretanto, as autoridades foram instituídas por Deus (Rm 13.1) e devemos respeitá-las! E isto não significa que, diante de Deus, as autoridades sejam pessoas de maior valor.

 

Significa apenas que, em matéria de governo, elas estão numa posição diferenciada das demais (que são tão valiosas aos olhos de Deus como as que estão investidas de autoridade).

 

E, em matéria de governo do lar, o homem é e será sempre o cabeça, não a mulher. Esta ordem na cadeia de comando nunca pode ser quebrada. O apóstolo Paulo ensinava e determinava que a mulher não exercesse autoridade sobre o marido:

 

“A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio”. (1 Timóteo 2.11,12 – NVI)

 

Apesar da Versão Revista e Atualizada de Almeida apresentar a frase “não permito que a mulher exerça autoridade DE homem”, dando a entender que só o homem pode fazer isto, as versões em português NVI (Nova Versão Internacional), as versões de Almeida REVISADA (IBB) e CORRIGIDA (SBB), a versão espanhola de Reina Valera, a versão italiana de Giovanni Diodati, as versões inglesas King James, American Standard, Webster e várias outras enfatizam a mulher não poder exercer autoridade SOBRE o marido.

 

O que permite que as mulheres ensinem e exerçam autoridade sobre os que não são seus maridos.

 

Se a mulher nunca pudesse ensinar ou exercer autoridade sobre nenhum homem, seria contraditório o que a Bíblia revela acerca de Débora, profetiza e que foi juíza em Israel.

 

Entendemos que a afirmação de Paulo a Timóteo significa, portanto, que em hipótese alguma, nem mesmo no exercício do ministério, a mulher pode usurpar a autoridade do marido que é o cabeça do lar.

 

Esta é a razão pela qual, ainda que eu creia no ministério das mulheres, NUNCA, em nosso ministério estabelecemos uma mulher com autoridade pastoral sem que o marido também o seja estabelecido. Não é bíblico, nem mesmo na Igreja, estabelecer uma mulher em posição de autoridade sobre seu esposo!

 

Mesmo se o marido não é cristão, o apóstolo Pedro ainda o reconhece como cabeça do lar, a quem a mulher deve ser submissa (assim como os homens devem se submeter aos governantes mesmo que eles não sejam cristãos):

 

“Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa.”  (1 Pedro 3.1)

 

Penso que a palavra submissão deva ser melhor entendida. A palavra “submissão” que foi traduzida do original grego é “hupotasso”, e significa:

1) organizar sob, subordinar;

2) sujeitar, colocar em sujeição;

3) sujeitar-se, obedecer;

4) submeter ao controle de alguém;

5) render-se à admoestação ou conselho de alguém; 6) obedecer, estar sujeito.

 

E, de acordo com o Léxico de Strong, ainda há uma importante observação acerca do uso desta palavra na época: “Um termo militar grego que significa ‘organizar [divisões de tropa] numa forma militar sob o comando de um líder’. Em uso não militar, era ‘uma atitude voluntária de ceder, cooperar, assumir responsabilidade, e levar um carga’.”

 

Quando olhamos para o conceito da palavra submissão, pode parecer exagerado e até assustador (mais para as mulheres do que para os homens).

 

Mas devemos lembrar que a mulher deve se sujeitar ao marido como a Igreja se sujeita à Cristo (Ef 5.22-24). Em contrapartida, o marido deve governar e exercer sua autoridade como Cristo! E quando olhamos para a liderança de Jesus não vemos uma atitude de domínio, mas uma liderança servidora.

 

Assim como Pedro advertiu os presbíteros a não serem dominadores do povo que governam (1 Pe 5.3), entendo que também o marido não deve ser um controlador. Autoridade é liderança funcional, não domínio (já detalhamos isto no tópico anterior).

No entanto, mesmo que o marido não levante um cetro de domínio em sua casa, sua autoridade deve ser respeitada.

 

Paulo advertiu que quem resiste à autoridade traz sobre si condenação (Rm 13.2). Assim como os filhos devem honra aos pais, e isto traz bênçãos sobre suas vidas (Ef 6.1-3), também a esposa deve respeito ao seu marido (Ef 5.33) e isto também trará bênçãos sobre sua vida!

 

A mulher deve ser administradora do lar

 

Nesta parceria do casamento temos o homem como cabeça e a mulher como sua ajudadora. Isto significa não apenas o auxilio da esposa por meio de conselhos, como também envolve distribuição de tarefas a cada um dos cônjuges.

 

O fato do homem ser o responsável pelas decisões não significa que ele tenha que centralizar as tarefas. Algumas delas são claramente designadas às mulheres. Por exemplo, de quem é a responsabilidade de administrar o lar?

 

A Bíblia refere-se às mulheres como “donas de casa”; encontramos este tipo de afirmação tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento. A viúva que hospedou Elias foi chamada assim (1 Re 17.17) e na epístola de Paulo a Tito, as mulheres, de forma generalizada também são assim denominadas (Tt 2.5). Isto não quer dizer que a casa seja só delas, mas que o dever e a responsabilidade do cuidado e condução do lar (com suas tarefas) pertence à esposa.

 

Encontramos textos bíblicos que falam do homem cuidando dos “trabalhos de fora” (Pv 24.27), que na época envolviam a lavoura, a caça e os negócios a serem feitos. É por isso que a mulher adúltera mencionada no Livro de Provérbios refere-se ao marido que foi viajar (Pv 7.19,20), porque isto era dever do homem e não da mulher. E quem cuidava da casa e dos filhos na ausência do marido (que tem como um dos seus deveres ser o provedor do lar) era a mulher.

 

O trabalho da mulher sempre foi uma parceria com o homem. Ele caça e pesca, ela cozinha. Ele apascenta o rebanho e ela cuida da tosquia e de recolher o leite. Ele colhe o fruto da terra e ela prepara. Ele traz tecido ou couro e ela confecciona as roupas.

 

Os detalhes da economia, do funcionamento da industria e do ganho do pão diário mudaram muito, mas a ideia divina de parceria permanece a mesma!

 

O Livro de Provérbios apresenta uma mulher que conduz com maestria a administração de seu lar.

 

(Leia Provérbios 31.10-27)

 

Penso que a frase “atende ao bom andamento da sua casa” deixa muito claro este papel da administração do lar. Fico cansado só de ler esta lista de trabalho! É por isso que o texto diz acerca da mulher virtuosa: “e não come o pão da preguiça”.

 

O trabalho do lar não é leve e nem tampouco insignificante. Não é tarefa para alguém despreparada. Se a mulher ajudar o marido na administração financeira, certamente fará com os ganhos familiares se multipliquem!

 

A mulher ser boa dona de casa é algo que se aprende. E também era parte da mensagem pregada pela Igreja do Senhor Jesus desde o seu início:

 

“Quanto às mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias em seu proceder, não caluniadoras, não escravizadas a muito vinho; sejam mestras do bem, a fim de instruírem as jovens recém-casadas a amarem ao marido e a seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, sujeitas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada”.

(Tito 2.3-5)

 

Alguns grupos cristãos são contrários à ideia das mulheres trabalharem fora. Não estou advogando isto, em hipótese alguma.

 

A parceria de trabalho do casal, que apresentamos há pouco, mostra as mulheres desempenhando tarefas de alta responsabilidade e, com a mudança de configuração atual do modelo de trabalho e sustento, é justo que o envolvimento da mulher num mercado de trabalho também mude. Por exemplo, é evidente que elas já não tecem com as mãos toda a roupa da casa!

 

Penso que a questão a ser abordada não é a esposa trabalhar ou não fora, e sim se o fato de trabalhar fora irá interferir em seus deveres como esposa (e mãe).

 

Ao falar sobre o dever dos maridos, como provedores do lar, comentei que há muitas situações em que a mulher também trabalha fora e coopera com o sustento da casa.

 

Não creio que a mulher trabalhar fora seja errado, desde que o cuidado do marido e dos filhos não seja comprometido (o que, infelizmente, não tem acontecido com muitos casais que trabalham fora).

 

Acredito que se é correto a mulher ajudar o marido a trazer o sustento para o lar, também é correto que o marido a auxilie com os filhos e as tarefas da casa.

 

É importante  ressaltar que os acordos nas distribuição de tarefas sempre pode se ajustar no contexto de contratar alguém para trabalhar em casa ajudando principalmente com as questões da limpeza.

 

Porém, aos casais que tenham filhos penso que isso deveria ser inegociável.

 

A mulher deve ser amante de seu marido

 

Na Lei de Moisés houve permissão tanto para o divórcio como para a poligamia (embora esta permissão envolvia o curioso fato de um homem ter mais de uma esposa mas nunca uma esposa ter mais de um marido).

 

Porém, já vimos que Jesus declarou que Moisés permitiu estas coisas pela dureza do coração do homem e enfatizou que não foi assim no começo (nem seria mais assim a partir de então). O fato é que quando Deus criou Adão o presenteou com uma única esposa.

 

O plano divino é que cada marido tenha sua esposa e que casa esposa tenha seu marido, pois o que foge disto é prostituição (1 Co 7.1,2).

 

 Porém, vale destacar que, justamente depois de estabelecer este fundamento de monogamia (e derrubar a prática da poligamia mostrando ser ela nada menos que prostituição), o apóstolo Paulo ensina uma das coisas mais importantes para proteger o matrimônio (agora do adultério, outra forma de impureza): uma vida sexual saudável, com fidelidade e também com intensidade – com qualidade e também com quantidade!

 

E por isso continuaremos esse tópico em nosso encontro 7

 

O perigo das inversões de Papéis e Seus Impactos

A inversão dos papéis no casamento pode gerar conflitos e desordem na dinâmica familiar. Quando os papéis designados por Deus são negligenciados ou trocados, o equilíbrio criado por Ele é comprometido, resultando em tensão, frustração e confusão.

 

Impactos na Vida do Casal

Quando o marido abdica de sua liderança ou a esposa assume responsabilidades que não lhe cabem, ambos podem experimentar desgaste emocional e espiritual.

A ausência de uma liderança amorosa e servidora pode levar ao desânimo e à insatisfação. Segundo Emerson Eggerichs, autor de "Amor e Respeito", "os casais prosperam quando cada um cumpre seu papel com amor e respeito mútuos" (EGGERICHS, 2004, p. 45).

 

IMPACTOS NA VIDA FAMILIAR

A inversão de papéis também afeta os filhos, que podem crescer com uma visão distorcida dos papéis de gênero e liderança no lar.

Gary Chapman, em "As Cinco Linguagens do Amor", ressalta que "as crianças aprendem com o exemplo dos pais, e um casamento saudável é o maior presente que um casal pode dar a seus filhos" (CHAPMAN, 2013, p. 89).

 A falta de clareza nos papéis pode levar a comportamentos inadequados, como rebeldia ou insegurança.

 

Restauração dos Papéis

 

O casamento é uma aliança instituída por Deus, na qual homem e mulher desempenham papéis complementares, refletindo o propósito divino de harmonia, cooperação e amor no lar. Quando os cônjuges compreendem e vivenciam os princípios bíblicos sobre liderança e submissão, não apenas fortalecem o relacionamento conjugal, mas também criam um ambiente saudável para o crescimento espiritual, emocional e familiar.

As inversões de papéis e os desvios do modelo bíblico podem gerar desafios significativos, mas há sempre um caminho de restauração por meio da submissão à Palavra de Deus e do comprometimento mútuo em corrigir o que for necessário. A ordem divina nos papéis do casamento não limita, mas promove liberdade, unidade e plenitude quando vivida à luz do Evangelho.

Portanto, que cada casal possa buscar continuamente a direção de Deus, reconhecendo Suas verdades como fundamento para o lar. Que as esposas exerçam com excelência o papel de ajudadoras, sendo sábias administradoras do lar, e que os maridos assumam a liderança com amor, seguindo o exemplo de Cristo como líderes servidores. Assim, o casamento será uma expressão viva do amor de Deus e um testemunho poderoso para esta geração e para as futuras.

“Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Salmos 127:1, NVI).

Que esta verdade seja o alicerce de cada lar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. Conclusão

Um casamento alicerçado nos princípios bíblicos é uma bênção para os cônjuges e para a sociedade. Ao buscar a direção de Deus e aplicar os fundamentos apresentados neste estudo, os casais podem experimentar uma relação repleta de amor, paz e propósito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Referências

AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Divórcio e separação: perguntas frequentes. 2016. Disponível em: https://www.apa.org/topics/divorce-separation. Acesso em: 2 jan. 2025.

BÍBLIA. Nova Versão Internacional (NVI). São Paulo: Editora Vida, 2000.

CHAPMAN, Gary. As cinco linguagens do amor: como expressar um compromisso de amor ao seu cônjuge. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.

DOSS, Brian D. et al. Estresse financeiro e qualidade conjugal: a influência mediadora da qualidade das discussões financeiras. Journal of Family and Economic Issues, v. 34, n. 3, p. 265-276, 2013.

EGGERICHS, Emerson. Amor e respeito: o amor que ela mais deseja, o respeito que ele desesperadamente precisa. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2004.

GOTTMAN, John M. Os sete princípios para fazer o casamento dar certo. Nova York: Crown Publishing Group, 1999.

LAUMANN, Edward O. et al. Disfunção sexual nos Estados Unidos: prevalência e preditores. Journal of the American Medical Association, v. 281, n. 6, p. 537-544, 1999.

LAVNER, Justin A. et al. Entendendo a mudança na satisfação no relacionamento durante a transição para a parentalidade: uma perspectiva de vulnerabilidade-estresse-adaptação. Journal of Family Psychology, v. 28, n. 1, p. 1-10, 2014.

MAHONEY, Annette et al. Religião no lar nas décadas de 1980 e 1990: uma revisão meta-analítica e análise conceitual das ligações entre religião, casamento e parentalidade. Journal of Family Psychology, v. 15, n. 4, p. 559-596, 1999.

NATIONAL ENDOWMENT FOR FINANCIAL EDUCATION (NEFE). Casais e dinheiro: conversando sobre finanças. 2018. Disponível em: https://www.nefe.org/. Acesso em: 2 jan. 2025.


 

 

 
 
 

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