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Envolva-se. O que preciso para construir uma comunidade forte e que se multiplica? | Pr. Patrick Ribeiro



TEMA:  Envolva-se

TEXTO BASE: Atos dos apóstolos

MINISTRO: Pr. Patrick Ribeiro

 

INTRODUÇÃO:

Quero iniciar a mensagem de hoje com a seguinte questão. O que seria importante para construir uma comunidade forte e que se multiplica?


Ao refletir sobre o que o Senhor gostaria que aprendêssemos hoje fui guiado pela palavra de Deus a refletir sobre isso analisando a igreja de Atos dos apóstolos, que obviamente não se resumo aos versos que lemos, mas eles são uma boa síntese sobre como esse fenômeno aconteceu em seus  dias e que ainda pode acontecer em nossas comunidades locais.


Para ilustrar como isso é possível quero trazer a memória uma linda história que aconteceu na Alemanha em  1722, conhecido como AVIVAMENTO MORAVIANO. Embora alguns conheçam, mas creio que outros não. Então:

O Avivamento Moraviano foi um dos maiores movimentos de oração, unidade e missões da história cristã, iniciado no século XVIII. Sua origem está relacionada com a liderança do conde Nicolau von Zinzendorf, um nobre alemão profundamente comprometido com Cristo.


Em 1722, Zinzendorf abriu suas terras em Herrnhut, na Saxônia (atual Alemanha), para acolher um grupo de refugiados protestantes conhecidos como Irmãos Morávios. Esses cristãos, perseguidos por sua fé na Boêmia e Morávia (região da atual República Tcheca), fugiram em busca de liberdade religiosa.


No início, a comunidade de Herrnhut enfrentava conflitos internos por causa de diferenças doutrinárias e culturais. Porém, a chave para o avivamento foi o envolvimento coletivo em oração e unidade. Em 1727, após intensos períodos de oração, arrependimento e reconciliação, a comunidade experimentou o que ficou conhecido como a "Efusão do Espírito Santo" durante uma reunião de oração no dia 13 de agosto.


Esse momento transformador resultou no início de uma vigília de oração contínua que durou 100 anos. Eles organizaram um revezamento em que pelo menos dois membros estariam sempre orando, dia e noite, 24 horas por dia. Esse comprometimento em intercessão constante impulsionou os Morávios a um envolvimento missionário global. Eles foram os primeiros protestantes a enviar missionários para lugares distantes, como as Américas, África e Ásia.


Cada membro da comunidade se envolveu ativamente nesse movimento, assumindo turnos regulares de oração e intercessão. Homens, mulheres e até crianças participaram dessa prática, acreditando que a oração contínua era essencial para sustentar a presença de Deus e impulsionar o avanço missionário.

 

TRANSIÇÃO:

O compromisso radical com a oração e a unidade visto acima fez com que essa pequena comunidade em Herrnhut se tornasse uma força missionária global, enviando missionários para diferentes continentes e influenciando profundamente a história do cristianismo.

Essa experiência reforça e muito o princípio de que aprenderemos hoje ao refletirmos no texto de  Atos 4.31-36 o envolvimento de cada discípulo trará para nós competências poderosas para sermos uma igreja forte e que se multiplica. Pode definição envolvimento significa.

Ato ou efeito de se comprometer, participar ativamente ou estar emocionalmente, intelectualmente ou fisicamente conectado a algo ou alguém.

Pessoas envolvidas não são apenas aquelas que estão presentes, mas aquelas que entregam coração, mente e mãos para transformar realidades.


O envolvimento genuíno transcende a presença passiva e se torna um compromisso ativo com a missão. C.S Lewis afirma:

"A fé cristã não é uma experiência abstrata ou um pensamento distante. Ela exige de nós envolvimento pessoal, ação e transformação. O cristianismo não é uma teoria, mas um modo de vida, e quem não se envolve com sua mensagem não entende o propósito de sua verdadeira natureza."[1]

Sendo assim COMO TORNAR-SE UM CRISTÃO CADA VEZ MAIS ENVOLVIDO NO REINO DE DEUS.

 

1.  NÃO PERCA O VÍNCULO COM SUA COMUNIDADE DE FÉ (V.23)

 Quando foram soltos, Pedro e João voltaram para os seus e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos lhes tinham dito.

Neste verso observamos Pedro e João buscando a congregação para partilharem com eles os desafios que tinham acabado de passar e assim orarem juntos ( vs 23 e 24).

A cada dia se torna mais comum o número de pessoas que se denominam cristãs, mas que não fazem parte de uma comunidade Cristã. Alguns até mesmo não estão tendo mais o hábito de congregarem. Mas observe o que as escrituras diz sobre isso.


     I.        Congregar é uma orientação clara descritas nas sagradas escrituras:

"E consideremo-nos uns aos outros para nos incentivarmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de nos reunir como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais à medida que vocês veem que se aproxima aquele Dia."

Hebreus 10. 24-25

Percebo algo lindo neste verso e que choca diretamente com o conceito de muitos quando se trata de congregar.

Alguns associa o congregar como um meio de buscar bençãos, receber o milagre, ter um problema resolvido, mas não é isso que os versos nos mostram, segundo os versos a necessidade de congregar se dar para.

·        Considerarmos uns aos outros – Isso significa atentarmos a necessidade um dos outros.

·        Incentivo ao amor e às boas obras.

·        Não seguir o costume dos que se afastaram

·        Encorajarmos uns aos outros, pois a cada dia o grande dia se aproxima.

 

   II.        Congregar é um exemplo claro na igreja primitiva

"No primeiro dia da semana, reunimo-nos para partir o pão. Paulo, que estava para partir no dia seguinte, falou ao povo e prolongou seu discurso até meia-noite."

Atos 20.7

John Owen destaca que "A congregação é o lugar onde o cristão deve buscar companhia para o fortalecimento de sua fé. O cristão que se afasta da congregação perde o benefício da comunhão, que é uma das maiores fontes de graça e conforto."[2]

 

Para se tornar um cristão cada vez mais envolvido no reino

2.  SEJA CHEIO DO ESPÍRITO SANTO (V.31)

Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus.

 

Como você identifica uma pessoa cheia do Espírito Santo?

·        Ao vê-la chorar durante a oração?

·        Ao vê-la falar em outras línguas?

·        Seria através das expressões corporais produzidas na pregação ou oração?

·        Pela altura e entonação da voz ao glorificar ou pregar e até mesmo orar?

 

Eu creio como renovado que sou que essas características pode se apresentar em alguém que está cheio do Espírito, mas o texto nos mostra claramente outra.

 

PESSOAS CHEIAS DO ESPÍRITO SANTO ANUNCIAM A CRISTO CORAJOSAMENTE.

 

EXEMPLOS:

Atos 4.8-12 – Pedro, cheio do Espírito Santo, diante do Sinédrio

Atos 4. 29-31 – Oração da Igreja por ousadia

Atos 5.27-29 – Pedro e os apóstolos diante do Sinédrio

Atos 7.54-60 – O discurso de Estêvão e seu martírio

Atos 9.27-28 – Saulo (Paulo) pregando ousadamente em Damasco

Atos 13.46-47 – Paulo e Barnabé em Antioquia

 

Antes de ir para o céu Cristo disse:

4 Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: "Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei. 8 Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra"

Atos 1. 4 e 8

 

Pergunta de um milhão.

Qual foi a finalidade pela qual o Espírito viria sobre os apóstolos descritas nestes dois versos?

Encher-lhes de poder para serem testemunhas.

 

Uma pessoa que diz ser cheia do Espírito Santo, mas se envergonha de anunciar a cristo, pode está seriamente equivocada. Lembre-se do que Paulo diz:

"Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego." (Romanos 1:16, NVI)

 

Para se tornar um cristão cada vez mais envolvido no reino

3.  CONTRIBUA COM GENEROSIDADE (V.34-35)

34 Não havia pessoas necessitadas entre eles, pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda 35 e o colocavam aos pés dos apóstolos, que o distribuíam segundo a necessidade de cada um.


Chegamos a um dos tópicos que por muito tempo e ainda hoje é motivo de discursão dentro das comunidades. AS CONTRIBUIÇÕES FINANCEIRAS.

Em outras ocasiões já compartilhei com os irmãos o quanto falar de contribuição financeira na igreja já foi desafiador para mim, isso  devido ao número de homens e mulheres que fazem isso de maneira irresponsável e totalmente voltado às suas cobiças pessoais explorando de maneira irresponsável as ovelhas de Cristo.


Mas quando de fato compreendi que todos nós teremos que prestar contas ao Senhor por nossas obras, percebi que uns iram prestar por ser gananciosos e exploradores, já eu poderia prestar por ser omisso e covarde. Omisso por pregar sobre tudo menos sobre a importância das contribuições e covarde, por não falar disso devido o receio de ser taxado de ladrão ou outros substantivos desse gênero.


Assim sendo, propus aplicar a ensinar também sobre a importância das contribuições no reino de Deus e percebi que elas são tão importantes quanto pregar sobre a salvação. Como assim? Simples.


Para eu falar sobre salvação, minha mensagem precisa chegar até as pessoas e para que isso acontecesse precisei que que pessoas me abençoassem, como exemplo da família que investiu em minha formação teológica quando não tinha condições de pagar.


Ou quando vamos fazer alguma ação missionária, ou construir salas para educação das crianças, ou o lugar para reunirmos, auxiliar as pessoas em necessidade, ou missionários no campo e os pastores locais.

Tudo isso a bíblia nos ensina, vejamos alguns textos.

Comecemos pelo texto lido. No verso em analise Podemos observar algumas questões importantes.

Contribuir é...

I.             Um ato de voluntariedade (Ninguém considera exclusivamente seu ... v.32 )

Os discípulos não contribuíam por que eram coagidos com ameaças de pobreza ou falsas promessas de prosperidade, mas entenderem a importância disso na comunidade. Veja o exemplo a seguir ao mencionarmos as igrejas da Macedônia.

 

II.            Um ato de generosidade, (pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda... v.34 )

Os discípulos não contribuíam com o que sobrava, mas com tudo o que tinha. Inclusive algumas pessoas dizem hoje que não dizimam por que não tem no novo testamento mandamento sobre dízimo, sendo assim não é um padrão a ser seguido, mas se de fato as pessoas querem seguir o padrão do novo testamento sobre contribuição, elas não deveriam dar apenas 10%, mas tudo como vemos neste verso e em outros como no capítulo 2 verso 45.

        Ser generoso é contribuir com o seu máximo possível. Observe o que Paulo fala em 2Corintios 8.

Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. 2 No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade. 3 Pois dou testemunho de que eles deram tudo quanto podiam, e até além do que podiam. Por iniciativa própria 4 eles nos suplicaram insistentemente o privilégio de participar da assistência aos santos. 5 E não somente fizeram o que esperávamos, mas entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus.

2Corintios 8.1-4

III.          Um ato de regularidade  (pois os que possuíam terras ou casas as vendiam, traziam o dinheiro da venda... v.34 )

As contribuições precisam ser regulares, pois as necessidades são regulares, veja o que Paulo diz novamente aos Corintos agora na primeira epístola.

"No primeiro dia da semana, cada um de vocês coloque de parte, em sua casa, conforme a sua prosperidade, e faça a coleta, para que, quando eu chegar, não se façam coletas."

1 Coríntios 16.2

IV.         Um ato de proporcionalidade (que o distribuíam segundo a necessidade de cada um... v.35 )

Assim como a distribuição era proporcional, as contribuições também o era, como vimos no verso em 1Corintos 16.2, cada um conforme sua prosperidade. Quem pode mais dê mais, quem não pode contribua como pode. Inclusive Paulo falando sobre a contribuição como serviço aconselha os Tessalonicenses. "Porque, quando ainda estávamos com vocês, lhes ordenamos isto: Se alguém não quiser trabalhar, também não coma." (2 Tessalonicenses 3.10)

As contribuições financeiras ou de serviço  no Novo testamento servem para:

·        Suprir as necessidades dos irmãos na fé (Atos 2.44-45 e Atos 4.32-35)

·        Financiar a obra missionária (2Coríntios 8.1-4 e Filipenses 4.15-18)

·        Apoio os obreiros que vivem do evangelho (1 Timóteo 5.17-18 e Lucas 8.1-3);

 

Quem se envolve, também contribui.

 

Por fim.

Para se tornar um cristão cada vez mais envolvido no reino

4.  LUTE PELA UNIDADE NA COMUNIDADE (V.32)

32 Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham.

Até agora, podemos observar claramente o processo de fortalecimento e crescimento dessa comunidade narrada no capítulo em estudo.

     I.        Pedro e João procuram a congregação (v.23)

    II.        Pedro e João compartilham seus últimos desafios com a congregação e oram juntos com eles (v.23-30),

  III.        Após orarem o poder de Deus encheu o lugar e todos foram cheios do Espírito Santo e que teve como principal evidência a pregação do evangelho de maneira ousada e corajosa (v.31)

 IV.        Chegamos ao verso 32 onde observamos que há um resultado desta pregação, muitos creem, e a pergunta agora é:

 

Como deve ser o convívio dos que creem?

O texto nos diz que:

·        Tinham a mesma MENTALIDADE;

·        Tinham a mesma PAIXÃO;

·        Tinha a mesma VOLUNTARIEDADE;

Seria esse um dos segredos para que a igreja permanecesse unida em meio os desafios voltados aos relacionamentos tão comuns no ajuntamento de pessoas? Como consegui que pessoas tão diferentes, com mentalidades diferentes, paixões diferentes e grande parte tão egoístas, possam chegar a um nível tão “absurdo” de comunhão?

A RESPOSTA ESTÁ LOGO A SEGUIR NO VERSO 33.

33 Com grande poder os apóstolos continuavam a testemunhar da ressurreição do Senhor Jesus, e grandiosa graça estava sobre todos eles.

·        Poder de Deus (Advindo de uma igreja que ora)

·        Testemunho (Advindo de uma vida de discipulado)

·        Graça (Advindo do favor e misericórdia divina)

Será que não está na hora de resgatarmos isso?

 

CONCLUSÃO

 

Meus irmãos, ao olharmos para a igreja primitiva, como vemos em Atos, e também ao refletirmos sobre o exemplo do Avivamento Moraviano, fica claro que a força e a multiplicação de uma comunidade cristã não acontecem por acaso. Eles são frutos de um envolvimento genuíno e comprometido de cada membro com a missão de Deus. A verdadeira igreja não é apenas um lugar onde nos reunimos para sermos alimentados, mas um corpo vivo onde cada um de nós, com nossas forças, dons, recursos e oração, contribui para que a obra do Senhor avance.


Em Atos 4:31-36, vemos um modelo de igreja onde todos estavam envolvidos: não apenas Pedro e João, mas cada discípulo, orando, evangelizando, compartilhando, e buscando a unidade. Esse envolvimento não era superficial, mas profundo, transformador, e impactava vidas. Eles não eram apenas espectadores, mas protagonistas da obra de Deus em sua geração.


Hoje, somos chamados a ser cristãos envolvidos! Que a nossa fé não se resuma a uma simples presença, mas que ela nos mova a agir, a servir, a contribuir, e a lutar pela unidade na comunidade. Se você se pergunta o que é necessário para ser uma igreja forte e multiplicadora, a resposta é: envolvimento de todos. Quando nos envolvemos ativamente com a missão de Deus, vemos milagres acontecerem, vidas sendo transformadas e o Reino de Deus avançando.


Então, desafio você hoje:

Como você pode se envolver mais profundamente com a missão de Cristo?

Como pode usar seus recursos, sua oração, sua coragem e seu tempo para fazer a diferença em nossa família renovada, em Almenara e no mundo?


O Senhor nos chama para isso, e Ele nos capacita a viver de forma radicalmente comprometida com o Seu Reino.

Que o Espírito Santo nos encha de coragem e ousadia, assim como encheu os discípulos em Atos, e que possamos ser uma igreja que se envolve, que serve e que multiplica para a glória de Deus.

 

Em amor, Pr. Patrick Ribeiro

 


[1] C.S. Lewis, Mere Christianity (1952)

[2] John Owen, The Duty of Communion with the Church (1667)

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